ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal
ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, conferencista, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

sábado, 1 de dezembro de 2018

MINHA RELAÇÃO COM A FUNDAÇÃO ROTÁRIA



MINHA RELAÇÃO COM A FUNDAÇÃO ROTÁRIA
Alberto Bittencourt

Presidente do RCR-Boa Viagem 1996-97, D.4500
Presidente da Subcomissão Distrital da FR 1997-2000
Presidente da Comissão Distrital da FR, 2000-03
Líder do IGE-2002 no Distrito 5300, California e Nevada, USA
Major Donnor da FR, 2004
Governador do centenário do D.4500 em 2004-05
Presidente da Comissão Distrital da FR, para implantação do Plano Visão do Futuro,   2013-16
Coordenador Zonal da Campanha End Polio Now para a zona 22B, 2015-17.






                                                                                                           
1. COMO TUDO COMEÇOU

O começo de minha relação com a FUNDAÇÃO ROTÁRIA aconteceu no PETS - Seminário de Treinamento de Presidentes Eleitos, em Natal, RN, no mês de abril de 1996.
Numa inesquecível jornada de três dias no recém inaugurado hotel Ocean Palace, situado na Via Costeira, o então governador eleito do Distrito 4500, Arnaldo Neto Gaspar, empresário e proprietário do hotel, ensinava aos seus presidentes-plus, assim batizados pelo presidente eleito do Rotary International, Luis Vicente Giay, os caminhos para a realização de projetos de Subsídios Equivalentes da Fundação Rotária.
Dizia ele: o seu clube coloca mil dólares num projeto e recebe outros mil dólares de um Rotary Club parceiro internacional. A Fundação Rotária dobra a quantia doada pelos dois clubes e aporta mais dois mil dólares. Assim, a cada mil dólares doados por um clube local, o projeto recebe quatro mil

Ao final, Arnaldo Gaspar conclamava: Quero que cada clube de meu Distrito faça pelo menos um projeto de Subsídios Equivalentes. 
Minha primeira providência como presidente, 1996-1997, do Rotary Club do Recife Boa Viagem, foi convidar o chairman da Comissão Distrital da Fundação Rotária, saudoso e inesquecível companheiro, EGD Emerson Loureiro Jatobá, para uma palestra no clube.
Atendendo à sua sugestão, enviei pelos Correios, cartas de uma página, propondo parceria para projetos em favor das crianças, a 160 Rotary Clubs dos Estados Unidos, Canadá, e alguns da Europa, escolhidos aleatoriamente no Official Directory entre os clubes que tivessem mais de 120 sócios. Em 1996 não existia ainda a internet. Recebi cinco respostas, sendo duas negativas e três com pedidos de mais informações. Até então pouco sabia sobre a Fundação Rotária. Como se vê, comecei do zero e qualquer um poderia ter feito o mesmo.
Imediatamente comecei a trabalhar e consegui concretizar naquele ano de minha presidência, com os três clubes acima, três projetos de Subsídio Equivalentes em benefício de uma creche denominada Lar de Cáritas. Foram os projetos de ns. 07193, 07286 e 07410 da Fundação Rotária, em parceria com os Rotary Clubs de Calgary, no Canadá; Edmonton, no Canadá e Eureka, nos EUA.
Para obter os recursos necessários, organizei no meu clube um consórcio PAUL HARRIS, além de outros eventos, como leilão de artes, festa de São João (Forrotary), rifas. Desse modo, na posse de meu sucessor, comp. Joel Muricy, fiz a entrega de 15 títulos de companheiros Paul Harris, correspondentes à parte do clube nos três projetos de subsídios equivalentes, cujo valor somava US$ 60 mil. Adquirimos para a creche um veículo Kombi, uma cozinha industrial e uma lavanderia industrial.  Conseguimos recursos adicionais com outras ONGs internacionais para construção dos prédios e instalação dos equipamentos.

2. TRABALHANDO NOS PROJETOS.

Após o término da presidência de meu clube, fui convidado pelo saudoso comp EGD Emerson Jatobá, presidente da Comissão Distrital da Fundação Rotária, para ser o presidente da Subcomissão Distrital de Subsídios, cargo que exerci de 1997 a 2000.  
Por sugestão minha, de pronto acatada por Jatobá, montamos uma Central de Projetos, com o objetivo de melhor assessorar e ajudar aos clubes, principalmente na busca de parcerias no exterior, difícil ou mesmo quase impossível para clubes pequenos, do interior.
No ano de 2000, Emerson convidou-me para sucedê-lo na presidência da Comissão Distrital da Fundação Rotária. De 2000 a 2003 exerci essa importante função.
Ao todo, foram seis anos seguidos de  muito trabalho na ajuda aos clubes do distrito. Fizemos nesse período mais de 200 projetos, 105 dos quais concretizados, no valor aproximado de 2 milhões de dólares, o que levou o Distrito 4500 a uma posição de destaque nacional em se tratando de projetos da Fundação Rotária. Basta ver a edição da Revista Brasil Rotário, de novembro de 2005. Estamos atrás apenas do D-4570, RJ,  pioneiro no Brasil em projetos, sob a liderança do saudoso EGD Yutaka Okumura, e à frente dos demais distritos brasileiros. Somos o Distrito que mais recebeu recursos da Fundação Rotária no período.

3. SUSAN CLARKE.

Entretanto, sendo eu empresário da construção civil, meu tempo era exíguo para tratar de outros assuntos que não os de minhas empresas. Precisava de alguém que me auxiliasse, que facilitasse e agilizasse a comunicação com os clubes parceiros do exterior. A professora de inglês, Susan Clarke, de nacionalidade inglesa, foi indicada por minha filha Annie, proprietária no Recife de uma rede de escolas de idiomas.
A partir de 1998, deleguei à Susan os contatos com os rotarianos do Brasil e do exterior e com os funcionários da Fundação Rotária. Tudo o que Susan fez foi em meu nome, sob minha orientação, sob meu controle e cuidado. Alguém levantou a tese de que Susan, não era rotariana. Eu contra argumentei dizendo que os funcionários da FR, encarregados de receber e analisar nossos projetos, também não eram. Pela facilidade de comunicação e pelo tempo exíguo de que dispunha, eu tenho a firme convicção de que pouco teria feito sem a colaboração de Susan Clarke.
Susan foi de uma dedicação extrema. Identificou-se como poucos rotarianos com a causa da FR. Tornou-se sócia honorária de  vários Rotary Clubs, como Itapetim, Recife Boa Viagem, Recife Treze de  Maio e outros e companheira Paul Harris pelo RC Recife Boa Viagem. Sua dedicação a torna merecedora das maiores homenagens, principalmente por parte do Distrito 4500.
Susan ocupava uma sala em meus escritórios, equipada com computador, telefone, internet, ar condicionado, WC privativo e tudo o que precisasse. Trabalhava em tempo integral nos projetos, com salário, carteira assinada. As despesas com ligações internacionais, cópias, correios, sedex, sempre foram bancadas por minha empresa.

3. CONGRESSO INTERNACIONAL DE VOLUNTARIADO

Ao concluir o ano de minha presidência à frente do Rotary Club do Recife - Boa Viagem, no ano de 1996-97, tendo realizado parcerias com três Rotary Clubs internacionais para consecução exitosa de três diferentes projetos de Subsdios Equivalentes, em favor da creche denominada Lar de Cáritas, com 260 crianças no jardim Piedade, município de Jaboatão dos Guararapes, recebi o honroso convite de participar do II Congresso Internacional de Voluntariado, o IAVE- International Award for Volontary Effort, na cidade de Edmonton, Canadá , com todas as despesas pagas. O convite partiu de Russ Mann, presidente do Rotary Club de Edmonton, nosso parceiro em vários projetos de Subsidios Equivalentes, um pujante Rotary Club, com cerca de 260 associados. Tive oportunidade de palestrar para todo o clube, em animada plenária daquele Rotary. O congresso teve a duração de uma semana, e reuniu 2500 delegados internacionais. Eu, Helena e a assistente Susan Clarke ficamos hospedados na casa de Russ Mann e esposa Joanne. 
O Rotary Club de Edmonton fez vários outros projetos com diversos clubes do D.4500. Eu, Helena e Susan, tivemos o prazer de receber Russ e Joanne em nossa casa, onde tiveram oportunidade de conhecer os projetos emparceirados por seu clube.  

4. PALESTRAS

Desde minha nomeação como presidente da Subcomissão Distrital de Subsídios, venho sendo convidado a fazer palestras em plenárias de clubes, seminários, assembléias, fóruns, interclubes, Conferências Distritais. Tenho em meus arquivos pessoais mais de 400 certificados de palestrante, a metade deles sobre a Fundação Rotária.

5. IGE.

Tive a honra de ter sido o líder do IGE- 2002, no Distrito 5300, que abrange os Rotary Clubs do sul da Califórnia e parte de Nevada. Sobre a experiência escrevi o livro intitulado "Ajudando a Construir a Paz", o qual distribuo aos novos participantes de programas da FR de meu distrito.
Sempre acompanho os membros de IGEs visitantes em nosso distrito, nos dias em que meu clube é o anfitrião.

6. DOADOR EXTRAORDINÁRIO

Desde o ano de 1996 venho fazendo contribuições para a FR. Fui ganhando safiras e rubis, de modo que ao tomar posse como governador do Centenário do Distrito 4500, já tinha completado o valor de US$ 10 mil em doações. Recebi o título de Doador Extraordinário da FR no Instituto Rotary Brasil de Florianópolis, em setembro de 2004.


7. PRÊMIOS E RECONHECIMENTOS DO ROTARY.
1997 – Companheiro Paul Harris.
1999 – Menção Presidencial Quatro Avenida de Serviços por Realizações Individuais, outorgada pelo presidente James Lacy.
1998 - Prêmio Distrital por Serviços Prestados à Fundação Rotária, conferido pelo Governador Luciano Nóbrega.
2004 – Major Donnor da Fundação Rotária.
2006 - Prêmio Distrital por Serviços Prestados à Fundação Rotária, conferido pela governadora Aldanira Barreto.
2009 – Citação por Serviços Meritórios da Fundação Rotária, outorgada pelo presidente do Conselho Curador da Fundação Rotária, Glenn Estess.

8. ARTIGOS
Como cronista do Rotary, tenho escrito centenas de artigos, muitos dos quais sobre a Fundação Rotária. Esses artigos são transcritos em boletins de clubes e cartas mensais de distritos. Alguns artigos foram publicados na Revista Brasil Rotário, e constam de sites de clubes e distritos do Brasil bem como nos sites do e-club D4500 e do GEROI. Podem ser acessados neste meu blog FEIXE DE VARAS, bastando, para isso, clicar no marcador FUNDAÇÃO ROTÁRIA.




9. PROJETOS

Em 2003-04 passei a presidência da Comissão Distrital da Fundação Rotária para o companheiro Valter Jarocki, do RC Recife-Derby
Tenho orgulho de ter realizado, em meu clube, o Rotary Club do Recife - Boa Viagem, um total de 14 (quatorze) projetos de Subsídios Equivalentes e um projeto de Subsídio Global, dentro do Plano Visão do Futuro.

10. III FEIRA INTERNACIONAL DE PROJETOS DO ROTARY

Por ocasião do IRB - Instituto Rotary do Recife, realizado no ano de 2000, nesta cidade do Recife, PE tive o prazer de organizar, juntamente com o saudoso governador D. 4570, Yutaka Okumura, com sucesso a Terceira Feira Internacional de Projetos Rotários do Brasil. Na época, era governador do D. 4500, José Ubiraçy Silva. O sucesso dessa III Feira está documentado nos anais do IRB, abaixo transcritos.


Um total de 217 projetos de Subsídios Equivalentes apresentados foi do número registrado na III Feira Internacional de Projetos. O valor total dos projetos  somou US$ 2.462.832,00 com uma média de US$ 11.349,46 por projeto. 


11. NOVOS DESAFIOS

Fui convocado pelos governadores eleitos Alexandre Inojosa (2013-14) e Eduardo Mota (2014-15) para exercer pela segunda vez o cargo de presidente da Comissão Distrital da Fundação Rotária nos anos de 2013-16, quando o Plano Visão do Futuro será implantado em todos os distritos rotários do mundo. Recebi, junto com os demais 531 presidentes das CDFR treinamento em San Diego, em janeiro de 2013.
Ao todo, completei 9 anos à frente da Comissão Distrital da Fundação Rotária. Nesse período, fizemos 105 projetos de Subsídios Equivalentes, no valor total de cerca de 2 milhões de dólares, seis projetos de Subsídios Globais e inúmeros Subsídios Distritais.

Novas missões e novos desafios estão lançados. Tenho o sonho de ver a poliomielite erradicada definitivamente da face da Terra, a Fundação Rotária cada vez mais forte e o Rotary International receber o prêmio Nobel da Paz. 
Assim seja.




 

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

ETICA E VOLUNTARIADO


ÉTICA E VOLUNTARIADO
Alberto  Bittencourt





Meu amigo Sergio integra uma dessas associações humanitárias que, todas as noites, distribui uma tigela de sopa quente e nutritiva a moradores de rua. Concentra suas atividades na rua do Imperador, uma artéria de grande movimento no centro do Recife, bem perto da majestosa e imperial sede do Tribunal de Justiça de Pernambuco. Ali, cerca de 40 pessoas, entre idosos e crianças, há décadas vive nas calçadas. Moram debaixo das marquises, dormem na frieza do cimento forrado com um pedaços de papelão. Tiram o sustento como flanelinhas, convivem com a sujeira, com a falta de higiene, ficam ao relento, sem a menor proteção. Mas não querem sair dessa situação. 

Há alguns anos, a ABCC- Associação Beneficente Criança Cidadã, fundada pelo desembargador Nildo Nery dos Santos no início do ano 2000, numa iniciativa louvável, conseguiu removê-los. Numa área cedida pela prefeitura, fez construir cerca de 20 casas que foram doadas para aquelas famílias, na esperança de lhes dar condições dignas de existência. Junto com as casas, as famílias receberam material de higiene, alimentação, instrução, cuidados médicos e tiveram os filhos matriculados na escola. A Orquestra Criança Cidadã dos Meninos do Coque, que encanta o mundo, é cria da ABCC.

O sonho de ver a rua do Imperador sem miséria, contudo, durou pouco. Novas famílias logo se instalaram nas mesmas calçadas.

Dia desses, encontrei com Sergio. Como sempre, ele apregoou os benefícios do que considera ser sua missão de alimentar os pobres. 

_ Você não faz ideia de como nos faz verdadeiramente bem, trabalhar desinteressadamente em favor dos mais necessitados. Doar uma parcela de nosso tempo, dinheiro e energia para aquelas pessoas, remoça, dá mais disposição, mais alegria na vida. 

Sergio é adepto de filosofias orientais. Ele acredita que os atos de caridade geram créditos que um dia nos libertarão da roda de nascimentos e mortes, quando então teremos alcançado o plano espiritual mais elevado. 

_ Mas é claro, meu amigo, respondi ao Sergio. É impossível doar sem receber algo em troca, mesmo quando se trata dos pobres. Afinal, não está na Oração de São Francisco que é dando que se recebe? 

A frase causou impacto em Sergio. 

_ Você está enganado, disse ele. Meu objetivo é aliviar o sofrimento dessas pessoas. A caridade é um fim em si. A recompensa, nesta ou em outra vida, é consequência. 

_ Pois vou lhe mostrar que não é possível dar sem receber nada em troca, disse eu. Costumo doar roupas velhas, objetos usados que não me servem mais, para o bazar da irmã Anatília. Ela dirige uma instituição denominada CRVV- Centro de Revitalização e Valorização da Vida, no bairro do Pina, que cuida de 150 crianças, em horário complementar ao da escola. O bazar revende de tudo, a um preço quase simbólico. Cada cabide de roupa, por exemplo, custa R$ 3,00 em média. O dinheiro apurado paga a funcionária encarregada e ainda ajuda no custeio da instituição. 

_ Em casa, vez por outra, eu e Helena fazemos uma limpeza em nossos armários, em benefício do CRVV. Nenhuma daquelas crianças sabe que somos nós os benfeitores. Nada recebemos em troca das doações.

Sergio retrucou:

_ Bem, qualquer ação tem que ser totalmente anônima, para não correr o risco de gerar agradecimentos, de se tornar um favor. Ao me contar isso, você se tornou credor de minha admiração. Receba os meus parabéns e minhas congratulações, em troca de sua doação desinteressada. 

A pequena história mostra como são tênues os limites éticos do voluntariado.

Eu e Helena integramos o Rotary International, a maior rede de voluntários do mundo. Pertencemos ao Rotary Club do Recife-Boa Viagem. Tivemos oportunidade de conhecer o IAVE – International Association for Volunteer Effort ao participarmos como convidados de uma conferência mundial realizada no ano de 1998 na cidade de Edmonton, Canada, a convite do Rotary Club de Edmonton, parceiro internacional do nosso clube em diversos projetos humanitários. 

O IAVE foi fundado no ano de 1970, por um grupo de idealistas que encontrou no serviço voluntário um meio de conectar nações e culturas. A organização cresceu e hoje possui representações em mais de 70 países, a maior parte em desenvolvimento. O objetivo único do IAVE é promover, fortalecer e celebrar o crescimento do voluntariado no mundo inteiro. As conferências mundiais ocorrem de dois em dois anos.

A partir daí, eu e Helena temos acompanhado diversos movimentos internacionais de voluntários que congregam pessoas interessadas nos trabalhos comunitários. 

O Canadá é seguramente o país mais desenvolvido no mundo nesse campo. Lá, 80% de sua população desempenha algum tipo de trabalho voluntário. 

Outro exemplo são os Departamentos de Bombeiros americanos. Há cidades dos Estados Unidos em que 100% do efetivo é voluntário, outras, em que 100% é profissional e há as que adotam um sistema misto.

Os firefighters voluntários nada recebem de remuneração. Têm alto senso de responsabilidade, encaram o trabalho com a mesma dedicação dos servidores profissionais. Desempenham sua missão com o maior afinco, tanto no que diz respeito ao cumprimento do horário, quanto no zelo pelos materiais, pois operam sofisticadas e complexas viaturas e equipamentos com a maior seriedade.

Em todos os museus e centros históricos americanos que visitamos, havia sempre a presença marcante de voluntários, geralmente pessoas idosas, aposentadas, que trabalhavam como guias ou na administração.

Aprendemos que a palavra voluntário tem uma conotação, um peso, uma responsabilidade enorme.

Aprendemos que a oportunidade de se dizer não, é apenas quando se é convidado. Uma vez aceito o convite para qualquer missão, para qualquer função, para membro de qualquer organização, então tudo passa a ser obrigação. A partir desse momento, o encargo, a missão, o trabalho deixa de ser voluntário e passa a ser um compromisso assumido. O voluntário cumpre horários com seriedade, como qualquer funcionário que tenha de bater o ponto. 

No Brasil, a cultura do voluntariado ainda é incipiente. Muitas vezes o voluntário brasileiro dá a impressão de estar prestando um favor. Não quer ter obrigação de horário, compromisso de tempo, acha que pode trabalhar quando quiser e bem entender. É comum a figura do voluntário que entope a função. Sabem o que é na linguagem popular, entupir uma função? Pois o entupidor de função é a pessoa que aceita a missão, aceita o encargo, porém a partir daí não faz mais nada. Não faz e nem deixa fazer. Tampouco se pode recorrer a outra pessoa para ajudar, pois ele está lá entupindo a função, com os braços cruzados, fazendo resistência passiva, sem cumprir sua obrigação de voluntário. O que ele almeja é o reconhecimento, o status, os elogios e as homenagens. Para ele, o egocentrismo e a vaidade estão acima de tudo. 

A ONU decretou o ano de 2001 como o Ano Internacional do Voluntário e adotou a Declaração Universal do Voluntariado, uma espécie de Código de Ética que estabelece uma série de deveres e de procedimentos do voluntário para com: a sociedade, o meio ambiente, o público alvo, os outros voluntários, a própria entidade e em catástrofes naturais. 

A Declaração Universal do Voluntariado visa estabelecer uma cultura do voluntariado, baseada na formação técnica indispensável e, principalmente, na ética, para dar continuidade e sustentabilidade às ações voluntárias. 

O voluntariado preenche a lacuna deixada pelo Estado nas questões sociais. Integra as chamadas organizações do terceiro setor. 

Podemos dizer que, se não fossem os voluntários, o mundo seria um verdadeiro caos.


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sexta-feira, 16 de novembro de 2018

OS DESAFIOS DA PÓLIO

https://www.slideshare.net/albertobittencourt/181111-campanha-polio-plus?from_m_app=ios

DINÂMICA DO QUADRO ASSOCIATIVO


DINÂMICA DO QUADRO ASSOCIATIVO
Alberto Bittencourt






Sentados em almofadas na varanda da casa serrana, um pequeno grupo de companheiros de um mesmo Rotary Club, aproveitou o final de semana para fazer uma dinâmica sobre o Quadro Associativo. O objetivo era fazer uma tempestade de idéias, esmiuçar o velho tema, tão antigo quanto atual, na busca de novas teses para tentar reverter um viés de baixa, uma certa tendência declinante do número de sócios.

Rodrigo, dono da casa, convocador da reunião, presidente do Rotary Clube, assumiu naturalmente o papel de líder. Interessado em buscar soluções inovadoras para melhorar a performance de seu clube, chamou alguns companheiros que lhe estavam mais próximos. Acorreram Maria, Sílvia, Paulo e Carneiro.

Maria, a despeito de ser atuante e participativa, em geral tem sempre algo a reclamar, alguma coisa para criticar. 

Sílvia é uma rotariana exemplar. Proativa, eficiente, sabe planejar e organizar. Toma iniciativas, tem criatividade, está sempre disponível para o trabalho.

Paulo, dá preferência quando o assunto é festa. É o amigo de sempre, a presença indispensável nas reuniões de companheirismo. 

Carneiro tem um temperamento mais retraído. Nunca falta, porém jamais subiu à tribuna do clube. Quieto, reservado, está sempre pronto para colaborar, seja em trabalho, seja em companheirismo.

O tema suscita interesse, desperta atenção e participação dos cinco rotarianos. Faz com que cada um apresente um diagnóstico, formule a receita, emita sua opinião, proponha o tratamento que julga mais adequado.

O presidente Rodrigo colocou a bola em campo, deu o pontapé inicial: _O Quadro Associativo é como se fosse um campeonato de futebol. Cada sócio que deixa o clube, é um gol que o time leva e cada novo sócio que entra, é um gol que o time faz. O presidente é o técnico, a ele cabe traçar estratégias, definir as táticas de cada jogo, com vistas ao campeonato do ano rotário. A meta do presidente do RI é que cada clube vença por pelo menos um gol de vantagem. Se isso ocorrer, os times do Rotary International, ganharão, ao final do ano por um saldo de gols superior a 32.000 novos sócios.

A companheira Maria cortou: _Impossível acontecer. A cada ano pulam fora pelo menos 10% dos sócios de clube. O Rotary International perde por ano mais de 100.000 sócios no mundo. Além disso 50% dos sócios que entram, deixam o clube nos três primeiros anos.

Carneiro completou: _Realmente, acho muito difícil alcançar a meta. Teríamos que colocar no clube, a cada ano, pelo menos 10% do efetivo mais um.

_Mas o que então é que se pode fazer? Perguntou Rodrigo.

Quem respondeu foi Sílvia: _Pelo que foi dito, o técnico, que é o presidente do clube deve se concentrar primordialmente em fortalecer a defesa, na retenção dos sócios, a fim de evitar tomar gols. Se conseguir evitar a evasão, então creio que teremos a chave da questão, teremos encontrado a solução.

Carneiro completou: _Se o técnico ou os líderes do clube forem bons, organizados, competentes, os índices de retenção se elevam e o clube se fortalece. Ao contrario, se os líderes do clube forem fracos, desmotivados, os índices de retenção tendem a ser baixos. 

_Muito bem, disse Rodrigo, estamos caminhando bem.

Paulo acrescentou: _Acho que a rotatividade dos sócios é uma coisa normal e natural. Muitos dos que entram em um clube de Rotary não têm o perfil adequado, vêm mais para satisfazer à curiosidade. Podem também ser daqueles que entram na tentativa de levar alguma vantagem profissional, conseguir clientes para seus negócios. Como não têm a vocação do trabalho em favor do próximo, acabam deixando o clube na primeira oportunidade.

Rodrigo contestou: _Acredito que as principais causas da evasão de novos sócios sejam: a presença de líderes desmotivados, o custo elevado e a escassez de bons projetos. Por outro lado, penso que o principal fator de retenção do sócio é o ambiente de companheirismo e de camaradagem que deve prevalecer acima de qualquer circunstância.

_Sim, disse Carneiro, para motivar o clube precisamos baixar o custo Rotary, e empreender projetos úteis e criativos nas comunidades que assistimos. 

_É importante sair da rotina, explorar novas idéias, diversificar o Quadro Social, com a entrada de pessoas mais jovens e de mulheres. E o ambiente das reuniões tem que ser o mais alegre e comunicativo possível, em que todos participem, para que todos possam dar o seu palpite, a sua opinião, usar a tribuna, falar, arrematou Sílvia.

Rodrigo retomou: _Como conseqüência teremos um ambiente sadio de companheirismo e camaradagem, de alegria e amizade, que deve prevalecer acima de todas as questões, só assim teremos um clube eficiente e um Quadro Social forte.

_Mas por que a maioria dos clubes tem tanta dificuldade em entrosar as mulheres no seu Quadro Social? Perguntou Maria.

_Aí está outra questão importante, disse Sílvia. As mulheres não se entrosam por que às vezes fica difícil para elas encontrar o seu espaço, não se sentem à vontade no clube.

Foi a vez de Carneiro: _A maioria dos rotarianos não integra a esposa nos eventos rotários. Tampouco a convida para ir ao clube. Conheço um companheiro que estranhou quando a esposa tomou posse em outro clube. Questionada pelo marido, ela respondeu: "Você nunca me convidou!"

_No meu entender, um clube só pode ser forte se tiver 50% de homens e 50% de mulheres, todos integrados, disse Sílvia 

O presidente completou: _As esposas poderiam ser todas sócias do clube. Fiz uma pesquisa e verifiquei que 95% das damas rotárias têm profissão definida, independente da atividade do marido. Quando o marido é empresário, tem um pequeno comércio, uma firma, geralmente a esposa é sua sócia. Então ela tem no mínimo a mesma profissão, é também empresária. Assim, todas as damas rotárias poderiam se associar ao Rotary, sem problemas.

Sílvia: _Em resumo: precisamos aumentar o número de mulheres em nossos clubes, para que alcance a pelo menos 50% do Quadro Social. 

Carneiro completou: _Do contrário, quando nos dermos conta, a velhice terá chegado. Ficamos nesse chove não molha, o tempo passa, 15, 20, anos e tudo continua como dantes, no quartel de Abrantes. Se o clube envelheceu, a idade média chegou aos 60 anos, ninguém tem disposição para mudar mais nada.

Maria interveio: _Na minha opinião, o principal fator do afastamento dos sócios é o custo financeiro. Queiramos nós ou não, o Rotary tornou-se caro para a classe média que perdeu grande parte do poder aquisitivo. Poucos hoje em dia podem pagar 80, 100 reais por mês, fora as taxas extras. 

Paulo retrucou: _Entretanto, as três contribuições obrigatórias, que são a per capita do RI, a per capita do governador e a revista Brasil Rotário, somadas e divididas por doze, dão menos de 30 reais por mês.

Foi a vês de Sílvia: _O problema é que os clubes não se capitalizam previamente para, chegada a hora, ter o dinheiro das taxas. Todos nós sabemos que as per capitas de RI vencem em 1º de janeiro e 1° de julho de cada ano. Ora, essa taxa deveria ser capitalizada antes, mês a mês para os clubes pagarem sem dificuldades na data do vencimento. Mas ninguém faz isso. É costume deixar para os últimos dias, próximo da data fatal, quando o stress toma conta, e não raro o presidente bota a mão no bolso para completar o montante. 

O presidente acrescentou: _É muito fácil fazer um planejamento orçamentário, só que ninguém faz. O tesoureiro do clube tem obrigação de levar em conta todas as despesas. 

Maria interveio: _Há clubes pequenos, do interior que, se colocarem essas despesas no orçamento mensal, perdem todos os sócios, pois a mensalidade ficaria acima das possibilidades da maioria. Eles têm que promover eventos para suprir essas quantias. 

Aí foi a vez de Carneiro: _Alguns clubes têm muitos problemas com companheiros que tomam posse e deixam de cumprir os compromissos de freqüência e pagamento, prejudicando os demais companheiros, sobrecarregando-os com o ônus financeiro da sua per capita não paga.

Carneiro afirmou: _Conheço um clube que criou a figura do sócio em estágio experimental. Ele começa a ser convidado para freqüentar o clube, porém só vai tomar posse, receber o distintivo, depois que ficar comprovada a sua qualidade e o perfil de rotariano.

_O que é uma boa solução, disse Sílvia. Todos os clubes deveriam adotar esse procedimento. Evitaria muitos problemas.

O líder então colocou a questão: _Em resumo, de tudo o que se discutiu aqui, qual seria a solução para resolver a questão do Quadro Social?

Paulo completou: _Numa empresa, três coisas retêm o empregado, nessa ordem: perspectiva de carreira, ambiente de trabalho e salário. Como não temos perspectivas de carreira em Rotary, nem tampouco salário, resta o ambiente de trabalho como fator motivador para que o rotariano sinta prazer em comparecer às reuniões, ainda que rotineiras, pelo simples prazer de estar junto. Então serão todos membros de uma só família, a Família Rotária.

Sílvia tomou a palavra: _Estamos acertados então, que o que pode reduzir a evasão e baixa de sócios é o ambiente de companheirismo e de camaradagem, seja nas reuniões plenárias, seja nos eventos e trabalhos desenvolvidos pelo clube. Mas e quanto à admissão de novos sócios? Há clubes pequenos, com um número reduzido de sócios, que não conseguem evoluir. Conheço alguns clubes, que até desempenham um bom trabalho em suas comunidades, mas cujo quadro social nunca ultrapassa a marca dos 10 a 12 sócios. Como fazer para melhorar esse número?

_É verdade, completou Carneiro. Um clube com 10 sócios não tem nem platéia para receber um palestrante. Termina na mesmice de reuniões rotineiras que nada acrescentam, até que alguma divergência se instale e decrete o fim.

Maria acrescentou: _Eu considero esse número extremamente perigoso. Qualquer divisão, no clube pode ser fatal. Na minha opinião o número mínimo de companheiros para se ter um quadro social estável é 30. Abaixo desse número, a situação se torna perigosa.

O líder interferiu: _Agora, nunca esquecer que antes da amizade, é preciso ver se o convidado tem o perfil de honestidade, liderança, ética e sabe viver e participar de atividades em grupo, de uma coletividade.

_Exatamente, disse Carneiro. Contam sempre a história de um clube que contratou uma empresa de marketing para selecionar na sociedade, nomes de pessoas com potencial para fazer parte do clube. A empresa fez a pesquisa, elaborou um formulário e terminou identificando uns cem nomes, que entregou ao clube. O Conselho Diretor filtrou e convidou a metade para visitar e conhecer o clube e terminou por admitir cerca de 20 novos companheiros. Foi um trabalho bem sucedido em que se contratou uma empresa, mas esse trabalho de pesquisa e levantamento de nomes poderia ter sido feito pelos próprios companheiros, sem o profissionalismo da empresa, evidente, mas com iguais resultados.

Disse Maria: _Outro clube espalhou outdoors pela cidade com um convite para pessoas de bem, profissionais, líderes em suas atividades, interessadas em dar a sua contribuição na melhoria das condições de vida de quem precisa, em trabalhar para ajudar ao próximo, que visitassem o Rotary Club, se juntassem aos rotarianos para, como parte de uma coletividade, melhor pudessem desempenhar esse papel.

Conheço outro clube que fez a mesma coisa, só que pela internet, falou Paulo.

O presidente interveio: _Acho válido. Podemos usar também as rádios locais, comunitárias, para divulgar os trabalhos do clube e, ao final, convidar os ouvintes para conhecerem o Rotary. Um presidente de clube do interior me disse que ao final de uma entrevista a radio recebeu telefonemas de pessoas interessadas em conhecer o clube e se integrarem nesse trabalho.

Aí Sílvia falou: _Você disse bem. Mas é preciso divulgar o que o clube faz, dar visibilidade aos feitos do clube, isso hoje tem um nome, chama-se "Imagem Pública do Rotary". E isso começa por nós, dentro dos nossos clubes.

_Quem não mostra o que faz, não fez, disse Maria.

_Sim, interveio Carneiro. É preciso fazer estardalhaço, colocar bandeiras, faixas, carro de som, foguetório, fanfarra, os jovens e rotarianos usando as cores do clube, seja na inauguração de um projeto, no lançamento de uma campanha de vacinação, ou em qualquer evento. É preciso gritar, manifestar entusiasmo. Então qualquer pessoa que passe nas proximidades, vai perguntar: "Que está ocorrendo ali? Qual o motivo de tanta festa, de tanta alegria?" Alguém vai responder: "É o Rotary que está trabalhando para mudar o Brasil, que está eliminando a paralisia infantil da face da terra".

Paulo acrescentou: _ É a história do ovo da galinha e da pata. O ovo da pata é maior, mais nutritivo e mais barato do que o da galinha, mas este é que vende, porque a galinha carcareja e grita, mostra ao mundo o que faz, enquanto a pata bota ovo calada.

_Sim, disse Carneiro. O clube tem que interagir com a sociedade, não pode se fechar entre quatro paredes. Tem que ser aberto, transparente. Visibilidade é a palavra de ordem neste segundo século da existência do Rotary.

_Só assim, prosseguiu Carneiro, ele vai despertar interesse nas pessoas em se associar, em ingressar no Rotary. Do contrário, permanece sempre aquele mesmo grupo de velhos confrades a se reunir semanalmente para fazer sempre a mesma coisa, trocar sempre as mesmas idéias, sem nada de novo a acrescentar. Para que haja renovação das idéias, é necessário sangue novo, novos sócios, jovens, mulheres, pessoas de bem.

Sílvia se antecipou: _Acho que devemos começar pelos jovens. Incentivar os clubes a terem seus Rotaract e Interact Clubs ativos, fontes supridoras que são de novos sócios. Chamar os ex-intercambistas, os ex-bolsistas da F.R., pessoas que tiveram contato com nossa organização.

Carneiro continuou: _É importante chamar as pessoas em grupos, de modo que elas possam entrar com peso, sentirem-se fortes, importantes, atuantes. As esposas primeiro, depois as profissionais, mulheres de negócios, empresárias. Se elas vierem aos poucos, terminam não se entrosando e acabam deixando o clube. Que venham com seus amigos, seus colegas, pessoas de seu conhecimento e de suas relações. Desse modo, já terão um ambiente favorável, não se sentirão deslocadas.

Maria interferiu: _Não basta isso. Como manter esse pessoal no clube? 

Carneiro respondeu: _Dar-lhes trabalho, missões, funções. Isso é primordial. Quem entra no Rotary quer ser útil. O presidente do clube tem que atribuir funções, cobrar, ajudar a bem se desempenharem.

_E dar informação rotária também, disse Paulo.

_Mas é claro, falou Carneiro. Ninguém ama aquilo que não conhece.

É verdade, disse Rodrigo. Do contrário, vamos ficar sempre jogando a responsabilidade para cima do Rotary International, esperando que o RI faça isso, faça aquilo. Quem quer trabalhar faz, não fica esperando. Um velho chefe militar, sempre me dizia o seguinte:


"uns querem e não podem,
outros podem e não querem,
nós que queremos e podemos,
damos graças a Deus."

_De acordo, disse Rodrigo. Vamos à luta por um mundo melhor, por um Rotary atuante, participante, capaz de mudar o mundo e o Brasil.

_Perfeito. Agora vamos à piscina, que ninguém é de ferro, falou Paulo, encerrando o assunto.








segunda-feira, 15 de outubro de 2018

HIGIENISMO


HIGIENISMO
Alberto Bittencourt








I - O que é Higienismo? 

O Higienismo, Alimentação Higienista, ou Higiene Natural, ou ainda, Alimentação Natural, é uma filosofia de vida e um conjunto de princípios e práticas com base na ciência, que leva a um extraordinário nível de saúde pessoal e felicidade. Trata-se de um movimento criado nos Estados Unidos em 1830, inspirado nos ideais gregos de saúde física e mental, que se desenvolveu a partir das descobertas que vieram à luz com o avanço da Biologia no século passado. Esse sistema é chamado em inglês de Natural Hygiene e vem a ser por definição: uma ciência de saúde que respeita as leis naturais, processos físicos e químicos que regem o corpo humano, mantendo ativo seu incrível poder de construção e regeneração. 

Como é de cunho essencialmente científico, trata-se de um sistema dinâmico que vem incorporando desde a sua criação, todas as novas descobertas a respeito de Saúde, Nutrição, Ecologia e Qualidade de Vida em geral, ajudando assim, a transformar a vida de milhões de pessoas. 

Segundo um dos mais respeitados e conhecidos médicos higienistas do nosso tempo, Dr. Herbert Shelton: "As leis da natureza, as verdades do universo e os princípios da ciência são tão certos, tão fixos e imutáveis em relação à saúde, quanto são em relação a todas as outras coisas". 

Conforme o Higienismo, somos aquilo que cheiramos, tocamos, vemos, ouvimos e comemos. Somo aquilo que nos emociona. Somos aquilo que pensamos. Nosso alimento é o ar, a água, o sol, os produtos da terra e tudo aquilo que nos rodeia. 

Quanto maior o nosso contato direto com a natureza e quanto mais comemos alimentos ricos em substâncias vivas, mais nosso corpo se torna belo, forte e flexível, mais nossa vida afetiva se liberta das emoções que nos amarram (medo, julgamento, raiva, frustrações), mais nossa mente se liberta de suas limitações, mais nossa vida espiritual desabrocha. 

Alimentos de mais ou de menos e alimentos inadequados, o metabolismo muito lento e a eliminação insuficiente provocam a retenção de resíduos que deveriam ser evacuados: as toxinas. 

As toxinas provocam sintomas (sensações desagradáveis) para avisar que está havendo um desequilíbrio. Se ignorarmos essa campainha de alarme, a capacidade de eliminação dos órgãos excretores (fígado, rins, intestinos, pulmões, pele) fica saturada, e aparecem sintomas gerais de intoxicação: 

- Sintomas mentais: 
espírito confuso, pensamento lento, memória deficiente, indecisão, etc. 
- Sintomas emocionais: 
sensação de cansaço, depressão, falta de ânimo, mau humor, ansiedade, etc. 
- Sintomas físicos: 
olheiras, pálpebras inchadas ou grudadas, olhos vermelhos ou amarelos, vista turva, coriza, nariz tapado, boca pastosa ou seca, língua coberta por uma substância branca ou amarela, vontade de tossir e cuspir, mau hálito, dor no couro cabeludo, dores de cabeça, de estômago, de barriga ou em outras partes do corpo, sensação de peso, rigidez e fraqueza nas articulações e nos músculos, problemas de pele e cabelos, tontura, cansaço geral, insônia, etc. 

Todos esses sintomas indicam uma sobrecarga dos mecanismos de eliminação e um indício de intoxicação geral. 

O Sistema Higienista: 
É um conjunto abrangente de preceitos que visam uma melhor qualidade de vida, entre eles a higiene alimentar. 

- Promove uma mudança de hábitos nocivos ao equilíbrio interno. 
- Ensina a maneira correta de assimilar os alimentos. 
- Condena a rigidez e incentiva o bom senso de seu praticante. 
- Busca o ideal a ser atingido, consciente do que é melhor para a saúde. 
- Representa uma mudança dupla: de hábitos e de idéias. 
- Não é um regime alimentar temporário. É antes de tudo uma filosofia de vida. 

A maneira correta de alimentar-se leva a: 

- Ter mais Saúde. 
- Ficar livre de distúrbios psíquicos e emocionais e das limitações mentais e espirituais. 
- Sentir grande bem-estar. 
- Despoluir nosso organismo. 
- Despertar a intuição que nos guia para maior vitalidade, equilíbrio e alegria de viver. 
- Deixar de sentir sintomas e doenças para descobrir que a saúde está em nossas mãos. 

II - Os Cinco Princípios: 


A dieta higienista se baseia em cinco princípios: 

1. Evitar ou eliminar comidas que produzam toxinas; 
2. Ingerir 70% dos alimentos crus; 
3. Respeitar as etapas do processo digestivo; 
4. Combinar os alimentos adequadamente; 
5. Não se alimentar em excesso. 

Primeiro Princípio: 
Evitar ou eliminar alimentos que produzem toxinas 

Esse princípio tem a ver com a restrição de alguns alimentos responsáveis pela produção de toxinas no organismo. Ao ingeri-los a pessoa acaba "poluindo" o corpo. Os resultados: formação de radicais livres, que favorecem o envelhecimento precoce, deficiência imunológica que aumenta as chances de adoecer e tendência à obesidade e doenças degenerativas como a arteriosclerose, as cardíacas e até o câncer. 

Segundo o Higienismo, a dieta ideal é aquela que tem em sua base frutas e verduras, nozes diversas (amêndoa, castanha, semente de abóbora, pistache, etc), raízes e tubérculos (aipim, inhame, batatas, etc), cereais. Os alimentos devem ser orgânicos (vivos), integrais, que não tenham nada contrário ao princípio nutritivo. 

O que se deve evitar 
- Carnes, sobretudo a vermelha; 
- Carnes processadas, como presunto, salsicha, lingüiça e defumados; 
- Frangos e ovos industrializados (de granja); 
- Leite e seus derivados (manteiga, queijos, iogurtes, etc); 
- Margarinas, maioneses; 
- Bebidas alcoólicas; 
- Produtos industrializados como enlatados, refrigerantes e alimentos que vêm em caixinhas e saquinhos; 
- Tudo que tiver aditivos químicos; 
- Bebidas que contenham cafeína (café, chá preto, chá-mate); 
- Chocolate; 
- Óleos e azeites que não sejam do tipo extra-virgem (processados a frio); 
- Frituras e outras gorduras saturadas; 
- Açúcares, adoçantes, bolos e doces; 
- Glúten, produtos de farinha de trigo branco refinado; 
- Arroz branco refinado; 
- Sal refinado; em seu lugar usar sal marinho, ou shoyo, moderadamente. 

Segundo Princípio:
Ingerir 70% dos alimentos com alto teor de água (crus) 

Consumir alimentos crus é importante porque eles são uma preciosa fonte de enzimas e fibras e líquidos. 

As enzimas são o princípio vital das moléculas das células vivas. Elas estão presentes em todas as plantas, verduras, frutas, nozes ou sementes em seu estado natural, cru, pois são sensíveis a temperaturas acima de 41º C e quando cozidas morrem. O alimento que é sujeito a temperaturas mais altas que 41º C perde seu valor vital, nutritivo. As fibras têm papel muito importante na eliminação de toxinas e gorduras porque agem como verdadeiras "vassourinhas" no intestino. Já os líquidos ajudam a manter os 70% de água que há em nosso corpo em perfeito equilíbrio. Apenas frutas, verduras e legumes crus preenchem esse requisito de manter o teor hídrico e auxiliam a desintoxicar as células, retardando o envelhecimento. 

Se o planeta Terra tem 70% de água e depende da quantidade de água para a sua sobrevivência, se no nosso corpo tem 70% de água, para mantê-lo sempre na melhor condição, devemos consumir uma dieta com, no mínimo, 70% de água. E vamos conseguí-lo nos alimentos com alto teor de água, que são as frutas e verduras, que têm em sua composição até 70% de água destilada pela natureza. 

Não estou falando de beber água. Mesmo bebendo oito copos d'água por dia não trará de modo algum o mesmo resultado, por duas razões importantes: nutrição e limpeza do organismo. A água transporta os nutrientes do alimento para todas as células do corpo e em troca remove as sobras tóxicas. Se você está ingerindo alimentos com alto teor de água, isso significa que está deglutindo alimentos que satisfazem todas as exigências nutritivas do corpo humano (todas as vitaminas, minerais, proteínas, aminoácidos, enzimas, carboidratos e ácidos graxos que o corpo humano necessita para sobreviver encontram-se nas frutas e verduras). 

Esses elementos nutritivos são carregados pela água dessas frutas e verduras para os intestinos, onde toda nutrição é absorvida e as sobras tóxicas são eliminadas. 

Os outros 30% consistirão em alimentos concentrados. Concentrado significa que o teor de água foi removido, quer por processamento, quer por cozimento. São os cereais, legumes, etc. Mas lembre-se: excesso de alimentos concentrados entopem não só intestinos, mas também as artérias, o que é a razão de tantas pontes de safenas por ano. 

Se aproximadamente 70% do alimento que comemos não é de alto teor de água, não há maneira nenhuma de emagrecer com sucesso e conservar o peso que se deseja ter permanentemente. 

As pessoas que bebem oito copos de água por dia fazem isso porque não estão ingerindo a água que precisam dos alimentos que consomem. Suas dietas são ricas em alimentos concentrados, assim seus organismos estão sempre exigindo água e elas experimentam sede constante. Você descobrirá que terá muito menos sede se ingerir alimentos com alto teor de água. 

Muitas pessoas bebem água com as refeições. Não é uma boa prática. Chega a ser debilitante, porque há sucos digestivos no estômago que destroem os alimentos. Se você bebe água juntamente com sua refeição, dilui esses sucos digestivos, evitando que a refeição seja adequadamente digerida. 

Se você pensa exclusivamente no que é gostoso, seu corpo jamais tem a oportunidade de limpar-se ou desintoxicar-se. Portanto, está sempre ingerindo alimentos que são apenas saborosos, e depois obstruem o corpo, acrescentando mais peso e impedindo que emagreça. 

Tudo o que sugerimos é que faça refeições que contenham 70% de alimentos de alto teor de água (frutas e verduras) e 30% de alimentos concentrados (todo o resto). 
Terceiro princípio:
Respeitar as etapas do processo digestivo 

O equilíbrio fisiológico e a saúde física dependem de três funções: 
- apropriação (ingestão ou deglutição)
- assimilação (digestão ou absorção)
- eliminação. 

Assim, nós ingerimos o alimento (apropriação), absorvemos e usamos parte desse alimento (assimilação) e nos livrarmos da sobra tóxica, daquilo que não usamos (eliminação). 

Embora essas três funções ocorram simultaneamente, cada uma é mais intensa em certas horas do dia. 

De acordo com essas funções, podemos dividir o dia em três fases de aproximadamente 8 horas cada. São os ciclos biológicos: 
· das 04h00 ao meio-dia: ciclo da eliminação.
· do meio-dia às 20h00: ciclo da apropriação.
· das 20h00 às 04h00: ciclo da assimilação. 

É evidente que comemos durante as horas em que estamos acordados (apropriação). Quando dormimos e o organismo não tem qualquer outro trabalho importante a fazer, ele assimila o que comemos durante o dia. Quando despertamos pela manhã, temos o que se chama "hálito matinal" e talvez a língua "revestida" porque nossos organismos estão no meio da eliminação daquilo que não foi utilizado – restos orgânicos, as chamadas sobras tóxicas. 

Já notou o que acontece quando se come tarde da noite? Acorda-se mal. sente-se meio "dopado"ou grogue na manhã seguinte. É porque o ciclo de assimilação que ocorre depois que o alimento deixa o estômago foi frustrado. Fisiologicamente nossos corpos desejam comer no início da noite, para que se passem ao menos 3 horas, o tempo necessário para o alimento deixar o estômago e o ciclo de assimilação poder começar na hora certa. 

Se o alimento ainda não foi digerido na hora que você deitar, também o ciclo de assimilação vai ser adiado para o período em que o organismo quer eliminar as sobras. Assim, as etapas do processo digestivo ficam tumultuadas, os ciclos biológicos de 8 horas são lançados em um turbilhão. 

Aqueles que querem perder peso devem se preocupar mais com o ciclo da eliminação. Entenda que eliminação significa a remoção da sobra tóxica, do excesso de peso, da massa ruim do seu corpo. 

A razão pela qual as pessoas são gordas é porque nossos hábitos alimentares tradicionais obstruíram, consistentemente, o ciclo da eliminação. Já que ingerimos um café da manhã abundante, um almoço farto e um jantar igualmente farto, o tempo de apropriação é muito maior que o da eliminação. Em resumo, ingerimos alimento em ritmo recorde, mas não nos livramos da sobra tóxica, daquilo que não podemos usar. 

Portanto, é importantíssimo observarmos em nossa alimentação, os 3 (três) ciclos biológicos: até o meio-dia, só comer frutas ou sucos de frutas para que a eliminação se processe, e não ingerir alimentos após as 20 horas, para que possam ser bem assimilados enquanto dormimos. 

Se comparamos nosso corpo a um fogão a lenha, a alimentação é o combustível, o metabolismo é a combustão e a eliminação é a evacuação de resíduos. 

O desjejum 

Muitas pessoas acreditam que um café da manhã farto é indispensável no início do dia para fornecer ao corpo a energia necessária para seu bom funcionamento. Nada mais errado. 

É porque ao acordarmos, (a eliminação está no auge entre 5 e 10 horas da manhã), os sintomas de intoxicação são fortes. Desaparecem assim que ingerimos alimentos ou estimulantes (café, chá, chocolate, cigarro, açúcar, manteiga, geléia, etc), que inibem o trabalho dos órgãos excretores. Ocorre então uma melhoria imediata, mas aumenta a intoxicação. 

Muitas pessoas atribuem o bem estar que sentem depois de um copiosos café da manhã à energia que dão os alimentos. De maneira nenhuma! A refeição, bloqueando o processo de eliminação, proporciona um "bem estar falso", devido ao fechamento das portas pelas quais o corpo faz sair as toxinas acumuladas! 

A mobilização dos mecanismos de defesa e desintoxicação provoca uma estimulação geral do organismo sentida de maneira agradável. Quanto mais intensa for essa reação, mais intenso será o cansaço brusco sentido no meio da manhã! Daí a tendência de consumir, por volta de 10h00 ou 11h00, alimentos ou bebidas estimulantes. Criamos assim um círculo vicioso que aos poucos esgota o organismo. 

Para facilitar a eliminação, o ideal é beber e comer somente frutas durante a manhã e só comer alimentos mais consistentes depois do meio-dia. 

Muitas pessoas chamam de "fome" à vontade de comer que sentem ao despertar. Essa vontade nada mais é do que o desejo de suprimir - através de alimentos - os sintomas do trabalho de eliminação dos órgãos excretores (pele, pulmão, fígado, rins, intestino). Por isso, sentir-se bem ao levantar é um sinal de boa saúde, que mostra que o organismo não tem muitas toxinas a eliminar. 

Os sintomas do mal-estar ao acordar mostram a sobrecarga das funções de eliminação. Não se trata, portanto, de eliminar esses sintomas, mas de ajudar o corpo bebendo bastante água e sucos naturais, comendo frutas cruas, fazendo ginástica, ioga ou esporte, ou ainda friccionando a pele com um pedaço de bucha vegetal. 

Quarto princípio:
Combinar os alimentos adequadamente 

Assim que são ingeridos os alimentos entram em contato entre si, realizando relações bioquímicas e reagindo com as secreções digestivas segundo a natureza ou a composição química de cada pessoa. Existem os alimentos que se combinam bem e aqueles que não. Quando a combinação é perfeita, a digestão se faz harmoniosamente, a assimilação das proteínas, vitaminas e dos minerais é ideal, a formação do material a ser excretado é adequada e a deposição de gorduras e de elementos tóxicos é mínima ou nenhuma. 

Ocorre exatamente o contrário quando os alimentos não se combinam.Uma alimentação que respeite os padrões de equilíbrio bioquímico dos alimentos é recomendada a todas as pessoas, independente de sua filosofia alimentar. 

Carboidratos são incompatíveis com proteínas. A digestão do carboidrato se processa mais rápido que a da proteína. Se são ingeridos simultaneamente, a proteína vai reter por mais tempo o carboidrato no estômago, provocando fermentação. Daí vem a sensação de azia e de estômago cheio por muito mais tempo. 

Pela mesma razão não se deve ingerir frutas de sobremesa. A digestão das frutas se processa muito rápido, em cerca de 20 minutos apenas. Se elas são ingeridas ao final das refeições, elas ficarão retidas no estômago, provocando a fermentação. As frutas só devem ser ingeridas 3 horas após, ou 1 hora antes das refeições. 

Não misture base com ácido, eles se neutralizam. Exemplo: pão com carne (a reação dos ácidos no estomago é de neutralidade – um vai fermentar e o outro apodrecer, porque a carne exige um suco ácido para se desintegrar e o amido exige uma secreção alcalina). 


O higienismo propõe que se faça o máximo possível para combinar adequadamente essa química dos sucos gástricos. 

Uma mistura de amido (pão, macarrão, batata, inhame) com proteína (carne, queijo, ovos) é absolutamente inadequada e não deveria entrar juntos numa refeição porque causa grande fermentação. 

Se você gosta de carne, por exemplo, coma arroz no almoço e a carne no jantar, mas não misture os dois na mesma refeição. A carne combina com hortaliças, que combinam com tudo por serem alcalinas. A combinação correta para o amido são as hortaliças. Outra combinação errada: pão com queijo; macarrão com carne ou queijo; coma o macarrão com hortaliças e não com carne. 

Assim, são condenáveis, sob o ponto de vista da combinação química dos alimentos: sanduíches de carne e/ou queijo; macarronadas, seja com molho de carne ou de queijo, e assemelhados. 

Melancia e melão são frutas que se deve comer sozinhas. 
Frutas doces combinam bem entre si. Ex.: banana e mamão; pêra e maçã; maçã e uva. 
Abacaxi (ácido) com banana (doce) torna difícil a digestão porque cada uma exige uma digestão particular. 
Leite com fruta é uma péssima combinação porque o leite é um isolador gástrico. Se tomar leite, tome-o sozinho. Criança alimentada de fruta com leite é raquítica porque não digere nem a fruta nem o leite. 

Para vitaminas use água de côco, ou o próprio suco de fruta. 

"Quando olhar um alimento pense se ele vai lavar o seu corpo, e se está mais próximo da vida do que da alteração". 

Quinto Princípio:
Não se alimentar em excesso 
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Mesmo o alimento mais nutritivo estragará seu organismo se for ingerido em excesso. Por favor, não coma demais. 

Se sentir vontade de comer em excesso, coma frutas frescas suculentas ou verduras frescas, cruas, quando quiser exagerar na alimentação. São alimentos saudáveis, cheios de nutrientes, que purificarão e nutrirão seu organismo.

LINK RELACIONADO: leia também: 


Referências bibliográficas: 
· "DIETA SEM FOME"
Harvey e Marilym Diamond - Ed. Record 
· "VOCÊ SABE SE ALIMENTAR?"
Dr.Soleil - Ed. Paulus. 
· Site da American Natural Hygiene Society - ANHS:
· MANGÉ NATURE, SANTÉ NATURE – Ed. Les Hygiénists
Albert Mosseri - Vols I e ii 
· NUTRIÇÃO VITAL
Soraya Vidya Terra Coury 
A DIETA DO ARCO IRIS – Ed. Record
Dr. Gabriel Cousens 
LUGAR DE MÉDICO É NA COZINHA
Dr. Alberto Peribanez Gonzalez 


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