ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, conferencista, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

MEUS PRIMEIROS JOELHOS


MEUS PRIMEIROS JOELHOS

Na primeira fase de minha adolescência fui seduzido por um par de joelhos. Eu ficava sentado e os joelhos ali, bem na minha frente, apontados para minha libido. Alternando movimentos suaves, ora se aproximavam, ora se afastavam, aguçando-me a curiosidade pelos desvãos secretos, levemente oferecidos, desconhecidos. Na minha inocência não adivinhava intenções ocultas. Mas aqueles joelhos me perturbavam a ponto de só conseguir dormir depois da satisfação solitária. 
Nunca mais esqueci. 
Ainda hoje, vejo-os na bruma esmaecida da memória. Redondos,  lisinhos, fofinhos, apetitosos. 
Deles, guardei apenas o vão apelo: vem, fica comigo esta noite. 

Os olhos de um verde selvagem. Os cabelos negros de índia, revoltos como juba. A sedutora pinta,  lábios bem carnudos. 
O olhar descuidado, meio que encoberto por uma névoa irritante, como o flog londrino.
No decote ousado, o ninho do amor. 
Em primeiro plano, imponente, arrogante, gozador:   _ O joelho da minha vida.

Você esbanja charme e elegância. Seu rosto é de uma beleza natural, sem artifícios. Seus olhos encerram a doçura selvagem das antigas guerreiras amazonas, vigorosos, decididos. Os cabelos revoltos adornam a expressão da força, da mulher que nada teme. 
A sensualidade de seus lábios é um convite permanente, um eterno chamamento. 
Lábios carnosos, cremosos, apetitosos, na consistência e na beleza. Nem precisam falar. Como as flores, simplesmente exalam o aroma do amor, para o beijo transcendente. 
Paixões que se sublimam ante o desejo incontido. 
Abracar esse joelho lindo, oh, como seria bom. Mas é apenas um sonho. Não pode ser real.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Saudação a Eduardo Mota.

                             
SAUDAÇÃO AO GOVERNADOR

EDUARDO MOTA E KÁTIA
Governador do Distrito 4500 no ano rotário 2014-15



A visita oficial do governador de distrito é, sem dúvida, um dos mais importantes acontecimentos do ano, na vida de um Rotary Club. É quando o governador toma conhecimento das atividades do clube, conhece os associados e aproveita para conhecer a comunidade local à qual o clube se dedica. É a oportunidade em que o governador dá o seu recado e transmite as mensagens e objetivos do presidente do Rotary.

Companheiro governador Eduardo Mota e Kátia. Como membro da sua equipe e na qualidade de Instrutor Distrital e presidente da Comissão Distrital da Fundação Rotária, tenho o maior orgulho e satisfação em prestar-lhes esta singela homenagem.

Em 2004- 05, quando exerci o cargo de governador do Distrito 4500, por ocasião do centenário do Rotary, tive em Eduardo um dos mais eficientes e dedicados colaboradores. Não hesito em dizer que devo grande parte do sucesso de minha governadoria ao competente trabalho profissional desse companheiro. 

Empresário de sucesso, capitão de renomada indústria gráfica, líder classista, chefe de família exemplar, Eduardo foi encarregado de editar as minhas Cartas Mensais, o meu Guia Distrital, além de todas as outras publicações de meu ano de governador, sem falar do famoso Calendário do Centenário, obra memorável, de sua própria inspiração, que trazia os 365 dias de ações rotárias do Distrito 4500 naquele ano. 

Tudo Eduardo fazia, para servir ao Rotary, sem pensar no dinheiro, apesar de receber o pagamento muitas vezes com atraso. Tenho, portanto, uma eterna dívida de gratidão com o governador Eduardo Mota.

Eduardo e Kátia representam o pensamento, o sentimento e a vontade do presidente mundial do Rotary, Gary Huang e esposa Corinna. Trazem a mensagem, os objetivos, e o lema deste ano, “Faça o Rotary Brilhar”.

Qualquer organização que trocasse seus dirigentes todos os anos, certamente estaria fadada ao fracasso. Porém tal não ocorre com o Rotary, graças a dois conceitos modernos da administração organizacional: continuidade e sustentabilidade. 

Continuidade é uma palavra chave, usada no Rotary há algum tempo. Todos os rotarianos e líderes rotários são elos de uma corrente. O sucesso do todo não pode ser medido pela força isolada de qualquer elo. Já se disse que uma corrente é tão forte quanto seu elo mais fraco. Por isso, as transições de um ano rotário para outro devem ser bem planejadas. Para garantir a continuidade dos serviços, os clubes devem ter seu planejamento estratégico com objetivos e metas traçados para os próximos três anos e a participação dos presidentes eleito e indicado. A continuidade nas prioridades estratégicas dos clubes certamente os levará a prestar 
serviços mais eficientes. 

Antes, eu ouvia dizer que o sucesso de um clube dependia do presidente. Dizia-se: quando o presidente é bom, o clube é bom, quando o presidente é fraco, o clube é fraco. Hoje eu tenho a firme convicção de que o sucesso de um clube não depende do presidente, mas sim dos rotarianos. O clube é o reflexo de seus associados. Rotarianos conscientes, devotados ao ideal de servir fazem um clube forte. Um clube nunca será forte se a maioria for desmotivada, desinteressada, acomodada, por melhores intenções que possa ter o presidente.

Um Rotary Club não pode ficar isolado entre quatro paredes. O isolamento é o atalho mais rápido para o fechamento definitivo. É papel do governador do distrito incentivar os Rotary Clubs a manter uma integração forte entre associados e familiares. Integração entre clubes, dos clubes com a equipe distrital, com o terceiro setor, com empresas públicas e privadas, com as pessoas nas comunidades. Quanto maior for a integração de um clube, maior será o brilho da chama do Rotary. 

A visibilidade é consequência da integração. Visibilidade para o público interno, nossos companheiros rotarianos. Visibilidade para o público externo, que nos observa, para que mostremos nossa imagem, nossa força. Visibilidade para o público alvo, beneficiário de nossas ações, para que eles saibam e entendam como somos, quais os nossos ideais e objetivos. Quanto maior for a visibilidade de um clube, maior será a sua força. 

E assim chego ao conceito do que é sustentabilidade.

Embora a continuidade seja uma palavra conhecida, sustentabilidade é algo do qual só ouvimos falar recentemente. 

A sustentabilidade, em sua essência, significa que o trabalho não terminará quando acabarem os recursos de nossos projetos. Na verdade, projetos sustentáveis exigirão um pouco mais de esforço e de recursos, mas a sustentabilidade é essencial para o sucesso.

Quando falamos de sustentabilidade no Rotary, não estamos falando somente em garantir
que nossos serviços durem; queremos garantir que o Rotary dure. E isso significa garantir que nossos clubes sejam sustentáveis, que eles permanecerão fortes depois de os termos deixado.

A vocês companheiros governador Eduardo e Kátia, que estão neste momento sendo os embaixadores maiores do Rotary neste Distrito 4500, os nossos cumprimentos pela brilhante gestão e por estarem levando avante e contagiando a todos com o lema “Faça o Rotary Brilhar”.

Muito obrigado governador, o Rotary Club do Recife-Boa Viagem se enaltece com sua visita. Nós, rotarianos, ficamos agradecidos e felizes por termos desfrutado de momentos tão agradáveis com vocês.

Que Deus os abençoe e continue protegendo-os nessa bela jornada.



AS APARÊNCIAS ENGANAM - Ficção.



NEUROSE - Ficção

Alberto Bittencourt


Perto dos meus vinte anos, visitei, junto com dois amigos, o que naquele tempo chamavam de "Casa de Tolerância" e hoje chamam de "puteiro" mesmo. 
Era no fim de um dia sem nome. 

De início, homens e mulheres ficavam na sala conversando, brincando ou dançando. As meninas eram gentis e delicadas. 
As escolhas se faziam de modo natural, cada um atraído pelo tipo de mulher que mais o apetecia e vice-versa. 
Fiquei com uma morena, mignon, tês clara, branquinha, cabelos negros, compridos e lisos. 

Logo estávamos afins e a fim um do outro a dançar agarradinhos, trocando juras de amor eterno. 


Então, uma das garotas aproximou-se de mim e disse, batendo de leve com a mão espalmada no meu rosto: 
"Faz assim no rostinho dela que ela goza rapidinho, rapidinho e muitas vezes". 

Do salão, cada par subiu para a suíte particular da escolhida. Cada menina tinha uma, decorada às próprias expensas e à sua maneira. Basicamente dispunham de cama de casal, colchão, guarda roupa, cômoda, espelho além de um pequeno sofá e lavabo. 

Começamos a nos preparar para os jogos do amor. Embora entendesse o recado da amiga, não tive coragem de tomar iniciativa. 

Não me recordo do nome, apenas do apelido, "Cu de Sapo" dado pelas colegas. 


Eis que, de repente, colocando seu rosto bem juntinho ao meu, ela sussurra

"Cadê o homem que disse que ia me bater?" 

Recado dado, recado entendido. Passei a mão espalmada carinhosamente no rostinho delicado da Cu de Sapo e soltei uma tímida palmada na face. 

A princípio ela abaixou a cabeça e escondeu o rosto com as mãos. Depois levantou os olhos desafiadores e repetiu: 
"Cadê o homem que disse que ia me bater?" 

Fiquei sem graça. Então, acariciei o rostinho fino, levemente avermelhado e soltei a bofetada. Estalada. Ela ficou com as marcas de meus dedos na bochecha. Cu de Sapo começou a chorar. Eu também. Dentro em pouco, recomposta, ela espalma a delicada mãozinha em minha face, começa a alizar e pergunta: 

"Quem é homem pra bater em mulher, também é homem pra apanhar de mulher. Posso?" 

Mal acenei com a cabeça, ela soltou uma tremenda bofetada. O estalo se ouviu lá no salão. Ao impacto, minha visão ficou coberta de estrelas brilhantes, e eu passei a ouvir trinados de passarinhos, literalmente. 

Ela não esperou que eu me recuperasse. Soltou a outra mão num impacto ainda mais forte contra a outra face. Fiquei tonto. Vi mais estrelas brilhantes e ouvi mais passarinhos cantantes. 


A voz da Cu de Sapo soou distante: 

"Tá vendo como é que eu quero, meu amor. Cadê o homem que disse que ia bater em mim?" 

Ainda sob efeito da bofetada anterior, as duas faces ardendo, vermelhas, soltei com vontade uma tremenda mãozada naquele rostinho de anjo, delicado e bochechudo. A garota caiu de lado, revirou os olhos , começou a tremer, chorar, gemer, alto. Entrou em convulsão, como se estivesse nos estertores da morte. Fiquei apavorado. Ela se contorcia, revirava os olhos em sucessivos e prolongados espasmos, um seguido de outro. Logo percebi que eram ondas de orgasmos, voluptuosos, como vagas de um mar revolto. 

Nos abraçamos. A essa altura eu também chorava copiosamente. Misturamos nossa lágrimas, nossos suores, nossos cuspes. Nossas bocas e línguas se interpenetraram, mutuamente. Ela arreganhou a vagina e eu a penetrei, profunda, completa e demoradamente. Gozamos juntos, fundidos e fudidos, um no outro, totalmente integrados. 
E, milagre! Chegamos aos céus. Ao verdadeiro paraíso terrestre, mistura de dor e prazer sem limites. 
Ao término, Cu de Sapo relaxou e dormiu. 

Eu não.

Minha mente em ebulição transportou-me para o passado. Entrei num estado de regressão mental e psicológica. Vi-me criança, aos oito anos de idade.

"Não, pai, não. Não, pai..."
A bofetada estalou no meu rosto atingindo o canto do olho e eu rolei pelo chão. Fiquei sem forças, fraco. Cuspi sangue. Custei a me levantar até ouvir as palavras ríspidas:
"Vá buscar o chicote para apanhar mais." 
Sai em prantos, trocando os passos, peguei o instrumento pendurado atrás da porta. Voltei chorando, trôpego até a presença de meu pai. Fiquei em pé na frente dele, o olho esquerdo já inchado e fechado. Estendi-lhe o chicote. E chorava, chorava entre soluços e suspiros. As lágrimas corriam, ensopavam a camisa. 
Finalmente meu pai se apiedou e mandou guardar o chicote. 

Quando tornei da viagem, naquele momento, eu chorava, chorava, tremia o corpo inteiro, não conseguia parar. 
Cu de Sapo se aninhou comigo, me acariciou: 

"Relaxa meu amor, relaxa". 

E dormimos profundamente até o dia amanhecer.

No outro dia fui embora e nunca mais tive notícias da Cu de Sapo.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

ECOS DA CASERNA -1

ECOS DA CASERNA _ 1
Alberto Bittencourt

Recém declarado Aspirante a Oficial do Exercito, assumi, em janeiro de 1964 o comando de um pelotão  no quartel do BESE - Batalhão Escola de Engenharia, unidade de elite, situado na Vila Militar, Rio de Janeiro. 
Eram 40 soldados recrutas, pobres, sem estudo, 40% ou mais analfabetos, vindos da periferia e incorporados ao Exército Brasileiro. 
Recebi a missão de transformar aqueles meninos de dezoito anos,  inconsequentes, mal ajambrados, brancos ou negros, gordos ou magros, em homens de verdade. 

O treinamento militar começava com ordem unida, pesada, intensa, sob sol, chuva, de forma a transformar as individualidades díspares em um corpo de prevalência da vontade coletiva. 

Assisti pela TV, de prontidão, sem tirar os coturnos nem para dormir, pistola 45 engatilhada e travada na cintura, os comícios da era Jango. 

Meus recrutas não fugiam ao humor carioca:
_  Nao confundam jugular do capacete com João Goulart e seus macetes, diziam. 

Vi o Almirante Aragão, comandante dos fuzileiros navais ser ovacionado e conduzido nos braços por uma turba ululante, numa afronta a um dos mais sagrados princípios que me ensinaram na AMAN: o da hierarquia militar. 

Comandei operações de "Controle de Tumulto", aplicando uma técnica hoje  superada, por perigosa que é: 
Quebra-quebra na Central do Brasil, e os havia a todo instante. Meu pelotão era dividido em  grupos de combate. Dez soldados em cada grupo, cada qual com um terceiro sargento no comando. 
Baionetas caladas, fuzis apontados, carregados e engatilhados. 
_Avançar! 
Alinhados, em passo de ganso alemão, olhar fixo para a frente, os soldados avançavam sem demonstrar medo. O espírito de corpo se fazia presente. 

Via de regra, o quê acontecia? 
A turba amotinada começava a debandar feito um bando de ratos assustados, de volta para as suas tocas. 
Nunca precisei disparar um só tiro,  de advertência que fosse.  

Deflagrado o movimento militar a 31 de março, as tropas do Rio de Janeiro, fiéis ao princípio camoniano da Disciplina Militar Prestante, posicionaram-se numa das margens do rio Barra Mansa, para enfrentamento das tropas vindas de São Paulo, sob o comando do general Kruel e de Minas, comandadas pelo gen. Mourão Filho. 

O Primeiro Batalhão de Engenharia de Combate, Batalhão Vilagran Cabrita, sediado em Santa Cruz, RJ, se não estou enganado, recebeu a missão de destruir a ponte sobre o rio Barra Mansa, na BR-116. 

Na outra margem os cadetes da AMAN, sob o comando do general Emilio Garrastazu Medice, que, em dezembro de 1963 me entregara um prêmio, por ocasião de minha formatura, apontavam as armas em nossa direção. 

Meu irmão, cadete, estava de um lado. Eu, aspirante, estava do outro. O conflito fratricida se fazia iminente. Eu decidira aderir. 

De repente, para alívio geral, chegou a ordem: 
_o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco assumiu o comando das  tropas do Primeiro Exercito e mandou que recuassem para seus quartéis.  

De volta pra casa, fomos recebidos como heróis.  cumprimentados por toda a família, parentes e amigos.  Salvamos a Patria do comunismo internacional e evitamos a guerra fratricida. 

A jugular do capacete fugira para o Uruguai. 

Com a evolução dos acontecimentos, verificou-se que a corrupção, já naquela época,  era muito maior do que a subversão

Então, firmei a convicção de que a democracia não é outorgada pelos poderes constituídos, nem por uma oligarquia dominante. Ao contrário, a democracia emana do povo e em seu nome é exercida. 



Por isso, temos governantes ricos e governados pobres. 

Aprendi também que a democracia só se aperfeiçoa pelo exercício da própria democracia. 

A ruptura, a interferência, tende a criar uma voz que se considera dona da verdade. Somente ela pode falar em nome do Estado Democrático de Direito. 

Na minha opinião, deixa cair de podre. Do esterco hão de nascer brotos fortes, revigorados com a têmpera de nossos heróis.  Fortalecidos com a riqueza da nossa terra

Uma nova nação há de surgir, cujas raízes estão fincadas nos valores maiores da ética, da verdade, da honestidade.  Uma nação solidária, uma nação de amor e paz.