Oração à Bandeira
Alberto Bittencourt
Redação escolar escrita em 3 de abril de 1959 no
Colégio Militar do Rio de Janeiro, aos 16 anos de idade.
No altar azul do Universo resplandeces gloriosa e tremulas imortal!
Amada por todos e abençoada pelo Criador, és tu, Bandeira do Brasil, um símbolo vivo e ardente de um povo sincero e feliz, que garboso estufa o peito quando escalas o mastro em direção ao Céu.
Nesse momento cala-se o mundo. Tudo para e o coração dos brasileiros desabrocha nos tambores do hino à Pátria Amada.
E parece vir o Céu a teu encontro.
Quantas vezes desejei eu, Bandeira Querida, ser o vento que te embala e acaricia, que te beija a fronte e sussurra ao ouvido, ser essa luz que te envolve e abraça, espelhando em ti a grandeza do seu rei.
Mas Deus me deu a glória de poder cantar-te e, na verdade, é a voz e o sentimento dos brasileiros que te desfralda e ilumina na ponta da lança eterna.
Contemplar-te é ver em teu seio a grandeza de um povo e de uma nação que sempre te soube defender e manter nos píncaros da glória.
O tempo escreveu os feitos gloriosos desse povo.
No Ipiranga, quando as espadas anunciavam o dia da ressurreição, o Brasil desafiou os séculos oferecendo a ti os louros da imortalidade.
Naquela época apenas a tua roupagem era diferente, Bandeira Idolatrada, mas a alma, essa alma que orientou os portugueses e ajudou-os a criar os filhos, que mais tarde guiou os brasileiros sempre vitoriosos nos campos de batalha, que abençoa e protege o patriota onde quer que ele esteja, essa alma não muda nunca e é ela que hoje o Brasil contempla quando olha para ti.
Oh! Flor que se deslumbra sob um céu liberdade, tuas raízes estão plantadas numa terra firme, de justiça e de honra.
Oh! Flâmula cujo aroma ressuscita as cinzas, a tua beleza está na legenda e nas cores que ostentas; tua força no amor que tu semeias.
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