ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, conferencista, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

A violência doméstica é um dos temas mais debatidos na mídia e um dos que mais aparecem nas páginas policiais. Não faltam dispositivos legais para coibir agressões físicas contra mulheres e crianças. Temos a lei Maria da Penha e as especializadas DPCA – Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente e a Delegacia da Mulher. Era de se esperar, portanto, que os índices de violência e agressividade tendessem a diminuir. Na prática, entretanto, tal não acontece, continuam crescendo.

A violência contra crianças acontece em escala maior nas classes menos favorecidas. É freqüente vermos nas ruas, praias, shoppings, mães esbravejarem contra filhos, arrastá-los pelos braços, como sacos de pancadas, quando não, desfechando tapas na cabeça, beliscões, sem nenhuma psicologia, nenhum diálogo.

A criança pode até ter dado causa. Por mais inocente e ingênua que pareça, de repente, quando menos se espera, vira um monstrinho de teimosia e intransigência.

Vi numa loja. Devia ter uns quatro aninhos, no máximo. Atirou-se no chão. Chorava e berrava que queria porque queria, o quê, não sei. Mas eu quero, não parava de repetir. Mas eu quero, respondia prontamente aos mais variados argumentos. A mãe, aos poucos foi perdendo o controle. Tentou arrastar, puxar, empurrar, inutilmente. Fingiu chamar o guarda, não adiantou. Por fim, esgotada, pegou a sandália e partiu para a ignorância. Desferiu a primeira, pegou nas coxas. A criança agora tinha razão para chorar, chorava de dor. A segunda pegou na bunda. O choro agora era de terror. Os olhos esbugalhados, as mãos agitando-se freneticamente, a cor lívida. As pessoas começaram a parar, num misto de sadismo e masoquismo. A certa altura, a mãe havia se transformado em megera. Agarrava o menino pelo braço, virava-lhe a sandália, surda para o berreiro, cega para o mundo. Sua peste, seu moleque, toma aqui seu isso, seu aquilo. A vitória finalmente sorriu. A maquiavélica mamãe saiu da loja com a criança pelo braço, enquanto, apontando o dedo, lhe dizia ríspida: engole o choro! Nota zero para a paciência, nota zero para a psicologia, nota zero para o amor e a tolerância. Pode parecer um horror, mas é mais comum do que se possa imaginar.

Há o caso daquele menino, de seis anos que, inocente, contou para a mãe o abuso sexual que sofrera, cometido por um visinho de treze. A mãe foi ficando branca à medida que ouvia. No fim, pegou o pobre do menino e baixou o cacete, sem dó nem piedade. Queria ensinar que aquilo era errado, uma coisa que não se comenta. Seu instinto primário transformara a vítima em ré. Aqueles eram os argumentos a que estava acostumada. A mulher crescera apanhando, aprendera a lição e a aplicava, como se fosse o único remédio, ou única maneira que conhecia de educar, de ensinar o que fosse.

Infelizmente não são apenas mães desequilibradas que espancam crianças. Há casos de pais, geralmente bêbados, que se tornam extremamente agressivos com explosões de machismo desenfreado contra a mulher, filhos, enteados.

Aquele é meu pai, disse a menininha. Ele bebe, completou chorosa, lacrimejante. Faltou dizer que espancava a mãe todas as tardes, quando chegava em casa. O pobre desempregado passava o dia biritado.

Existe uma categoria de mulheres verborrágicas. Arrasam, aos gritos, com a auto-estima do companheiro. Não dão a menor chance. Ferem mortalmente com língua ferina, esculhambam, reduzem a pó. Não raro, termina em crime. Assassinato passional, estampam as manchetes.

Essas crianças, vítimas de violência doméstica, em geral tornam-se adolescentes inseguros, tímidos, complexados com o medo de tudo e de todos, incapazes, até de enfrentar as dificuldades da vida. São alvo de chacotas, sentem-se inferiores, não conseguem ter uma integração social plena, ter amigos, enfim, a vida, para eles, torna-se um fardo penoso e desconfortável. Vivem estressados consigo mesmo, sem a alegria espontânea, natural dos jovens.

É a violência doméstica, fruto de uma cultura, de um meio, de uma criação.

Ensinar as pessoas a amar, respeitar, dar um tratamento carinhoso é a nossa missão. Para que elas pratiquem o diálogo, transmitam amor, cultivem a paciência, a compreensão e a compaixão, é missão de todos nós. A recompensa é a alegria do filho, da esposa ou do marido saberem que podem contar uns com os outros. Que podem confiar uns nos outros, porque unidos, estarão felizes sempre prontos a ajudar, a se apoiar mutuamente, toda vez que alguém necessite.