ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, conferencista, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

PERSONAGEM PROBLEMA X PERSONAGEM SOLUÇÃO


PERSONAGEM PROBLEMA 
PERSONAGEM SOLUÇÃO

Alberto Bittencourt





Em todo grupo marcado pelo grande número de pessoas, seja nas grandes empresas, órgãos públicos, associações ou sociedades, podemos distinguir dois tipos de personagens: as que são problema e as que são solução.

O que vem a ser um personagem problema?

Quais são as características de um personagem solução?

Antes de mais nada, é preciso compreender que ser um personagem problema ou um personagem solução constitui apenas uma tipificação simples, dentro de uma multiplicidade de caracteres, que distinguem cada ser humano e os torna diferentes, pois não existem duas pessoas com igual personalidade.

O personagem problema transforma uma pequena dificuldade num obstáculo intransponível. Ao receber qualquer missão, em geral, ele procura pequenas divergências, as mais simples incoerências, e então, o que seria facilmente contornável, se transforma numa dificuldade de tamanha ordem que inviabiliza a continuação e adequação do projeto. Se você precisar do apoio ou ajuda de um personagem problema, ele imediatamente apresenta mil dificuldades e vem com mil e um argumentos contrários.

O personagem problema é incapaz de enxergar uma solução por mais fácil e evidente que seja, tem a capacidade de transformar um pequenino grão de areia em uma montanha de embaraços e de motivos para nada fazer, para não agir.

O personagem problema gosta de se escudar em títulos, cargos e vivências para mostrar a sua superioridade, ostentar todo um poder que pensa que tem, como se disputasse um concurso de títulos, tudo para justificar a inércia, a ausência de projetos e de atuações que demandem trabalho - seu nome é inércia.

O personagem solução, pelo contrário, é o carregador de piano. Participa com interesse de todos os eventos, é sempre disponível, motivado, companheiro, amigo, agindo com simplicidade, ele é a peça mais importante no tabuleiro das atividades e relações, seja em seu meio, seja fora dele, na sua comunidade e no mundo.

O personagem solução integra sempre as mais importantes comissões de trabalho, ele não faz questão de aparecer, de ter seu nome em destaque. Ele é simplesmente aquele que faz.

O personagem solução está mais interessado nos resultados. Quando há problemas, ele não perde o interesse e se concentra em resolvê-los. Sendo assim, sempre é ele quem cresce e aparece, sem auto propaganda, como consequência de uma atitude positiva e construtiva - seu nome é ação

E você, é um personagem problema ou um personagem solução?


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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

A violência doméstica é um dos temas mais debatidos na mídia e um dos que mais aparecem nas páginas policiais. Não faltam dispositivos legais para coibir agressões físicas contra mulheres e crianças. Temos a lei Maria da Penha e as especializadas DPCA – Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente e a Delegacia da Mulher. Era de se esperar, portanto, que os índices de violência e agressividade tendessem a diminuir. Na prática, entretanto, tal não acontece, continuam crescendo.

A violência contra crianças acontece em escala maior nas classes menos favorecidas. É freqüente vermos nas ruas, praias, shoppings, mães esbravejarem contra filhos, arrastá-los pelos braços, como sacos de pancadas, quando não, desfechando tapas na cabeça, beliscões, sem nenhuma psicologia, nenhum diálogo.

A criança pode até ter dado causa. Por mais inocente e ingênua que pareça, de repente, quando menos se espera, vira um monstrinho de teimosia e intransigência.

Vi numa loja. Devia ter uns quatro aninhos, no máximo. Atirou-se no chão. Chorava e berrava que queria porque queria, o quê, não sei. Mas eu quero, não parava de repetir. Mas eu quero, respondia prontamente aos mais variados argumentos. A mãe, aos poucos foi perdendo o controle. Tentou arrastar, puxar, empurrar, inutilmente. Fingiu chamar o guarda, não adiantou. Por fim, esgotada, pegou a sandália e partiu para a ignorância. Desferiu a primeira, pegou nas coxas. A criança agora tinha razão para chorar, chorava de dor. A segunda pegou na bunda. O choro agora era de terror. Os olhos esbugalhados, as mãos agitando-se freneticamente, a cor lívida. As pessoas começaram a parar, num misto de sadismo e masoquismo. A certa altura, a mãe havia se transformado em megera. Agarrava o menino pelo braço, virava-lhe a sandália, surda para o berreiro, cega para o mundo. Sua peste, seu moleque, toma aqui seu isso, seu aquilo. A vitória finalmente sorriu. A maquiavélica mamãe saiu da loja com a criança pelo braço, enquanto, apontando o dedo, lhe dizia ríspida: engole o choro! Nota zero para a paciência, nota zero para a psicologia, nota zero para o amor e a tolerância. Pode parecer um horror, mas é mais comum do que se possa imaginar.

Há o caso daquele menino, de seis anos que, inocente, contou para a mãe o abuso sexual que sofrera, cometido por um visinho de treze. A mãe foi ficando branca à medida que ouvia. No fim, pegou o pobre do menino e baixou o cacete, sem dó nem piedade. Queria ensinar que aquilo era errado, uma coisa que não se comenta. Seu instinto primário transformara a vítima em ré. Aqueles eram os argumentos a que estava acostumada. A mulher crescera apanhando, aprendera a lição e a aplicava, como se fosse o único remédio, ou única maneira que conhecia de educar, de ensinar o que fosse.

Infelizmente não são apenas mães desequilibradas que espancam crianças. Há casos de pais, geralmente bêbados, que se tornam extremamente agressivos com explosões de machismo desenfreado contra a mulher, filhos, enteados.

Aquele é meu pai, disse a menininha. Ele bebe, completou chorosa, lacrimejante. Faltou dizer que espancava a mãe todas as tardes, quando chegava em casa. O pobre desempregado passava o dia biritado.

Existe uma categoria de mulheres verborrágicas. Arrasam, aos gritos, com a auto-estima do companheiro. Não dão a menor chance. Ferem mortalmente com língua ferina, esculhambam, reduzem a pó. Não raro, termina em crime. Assassinato passional, estampam as manchetes.

Essas crianças, vítimas de violência doméstica, em geral tornam-se adolescentes inseguros, tímidos, complexados com o medo de tudo e de todos, incapazes, até de enfrentar as dificuldades da vida. São alvo de chacotas, sentem-se inferiores, não conseguem ter uma integração social plena, ter amigos, enfim, a vida, para eles, torna-se um fardo penoso e desconfortável. Vivem estressados consigo mesmo, sem a alegria espontânea, natural dos jovens.

É a violência doméstica, fruto de uma cultura, de um meio, de uma criação.

Ensinar as pessoas a amar, respeitar, dar um tratamento carinhoso é a nossa missão. Para que elas pratiquem o diálogo, transmitam amor, cultivem a paciência, a compreensão e a compaixão, é missão de todos nós. A recompensa é a alegria do filho, da esposa ou do marido saberem que podem contar uns com os outros. Que podem confiar uns nos outros, porque unidos, estarão felizes sempre prontos a ajudar, a se apoiar mutuamente, toda vez que alguém necessite.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

ONDE NÃO EXISTE AMANHÃ




ONDE NÃO EXISTE AMANHÃ

Alberto Bitttencourt - 2010, out


Não conheço nada comparável. As casas, de vão único, feitas de restos de madeira e plástico, infectas, promíscuas, se equilibram sobre palafitas fincadas no lodaçal. Não têm água encanada, nem banheiros, nem geladeiras, mas, paradoxalmente, não falta televisão, DVD, ou mesmo vídeo game. 

O lixo se espalha, vindo da maré ou do rio, a prefeitura nunca recolhe. O esgoto está nas portas, no chão, por onde se anda. 

A favela dos Coelhos é apenas uma, entre tantas do Grande Recife. Situa-se no centro, em área nobre, ao lado de edifícios empresariais modernos, perto de hospitais que, como se diz, fazem do Recife o segundo maior pólo médico do país. Aí habita uma população marginalizada, abandonada, refém da droga, do crack, onde adolescentes dos 13 aos 18 anos trabalham como avião.

Ninguém se lembra de construir moradias dignas e humanas para essa gente esquecida. 

Só na catástrofe a solidariedade se manifesta. Quando as enchentes, os deslizamentos ceifam vidas, destroem moradias, todos se mobilizam. A sociedade recolhe doações, o governo começa a construir novas casas, em locais mais seguros, em ritmo eleitoreiro. 

Nem no Rio de Janeiro, onde estão as maiores favelas da América do Sul, subjugadas por traficantes e milícias, a degradação é tamanha. Lá, a maior parte dos barracos é de alvenaria, de tijolo nu, sem revestimento, dizem, para não pagar imposto à prefeitura.

Nessas comunidades o comércio da droga floresce, se desenvolve abertamente, à luz do dia. 

Quando a polícia aparece, com seu aparato de uniformes, viaturas, sirenes, os traficantes se enfiam nas tocas como um bando de ratos. Terminada a incursão, tudo continua como dantes.

O Rio de Janeiro mostrou que pode ser diferente. Lá as favelas podem sonhar com amanhãs radiantes de paz.

A partir de 2008 o Estado decidiu reconquistar comunidades há muito dominadas por traficantes e milícias. A ação se dá em três etapas. Primeiro tropas de choque da Polícia Militar invadem o morro, expulsam os traficantes, de forma a garantir a segurança local. Três meses depois, as UPPs, Unidades de Polícia Pacificadora, se instalam de modo permanente e preparam a terceira fase, o restabelecimento do poder público com seus serviços econômicos e sociais. 

Até o momento, oito UPPs já foram instaladas e quarenta outras estão programadas para os próximos quatro anos. Em 2011 será a vez da favela da Rocinha, anunciou o governo do Rio de Janeiro.

A presença contínua da Polícia muda significativamente a vida dos habitantes das favelas. Os traficantes desaparecem, vão embora, a violência diminui. 

Está provado que só a ocupação permanente nos morros cariocas, foi capaz de livrar em definitivo os habitantes das mãos dos traficantes e das milícias.

Incursões esporádicas, não levam a nada. A Polícia chega, eles se entocam e, quando ela sai, eles retornam. Com a ocupação permanente realizada pelas UPPs, da Polícia Militar, as coisas mudaram.

Há uma grande diferença no Rio, entre os traficantes e as milícias. Os traficantes não são guerrilheiros, são vendedores de drogas, capazes de agir com violência para preservar seu negócio. As milícias são grupos de bandidos, interessados em extorquir a população, agindo com extrema violência. Os dois são perigosos, os dois fazem parte do crime organizado. Somente a expulsão desses indivíduos é capaz de trazer e implantar a paz.

O que é preciso para que a paz reine em definitivo nas comunidades?

Em primeiro lugar, uma política permanente de construção de moradias dignas, decentes, de erradicação de palafitas, de favelas insanas. Estes novos bairros devem ser aquinhoados com redes de água e esgoto, com projeto urbanístico funcional, providos de áreas de lazer e equipamentos comerciais e comunitários essenciais, servidos por linhas de transportes coletivas acessíveis e integrados à malha viária urbana.

Em seguida, uma política educacional séria, em que os alunos, crianças e adolescentes, fiquem em regime de tempo integral nas escolas, que aí recebam refeições, com atividades escolares, culturais e esportivas e, inclusive, formação profissional, tudo isto a partir de professores capacitados e avaliados sistematicamente, com proventos condizentes com seus esforços e resultados.

Em terceiro lugar, com a ocupação permanente das comunidades pela polícia, como no Rio, com as UPPs.

E, finalmente, com uma política de planejamento familiar que incentive o controle efetivo da natalidade, com orientação permanente, educação para a conscientização dos riscos e responsabilidades pela vida sexual promíscua, com ênfase nos deveres e na responsabilidade de gerar, prover e educar um novo ser. 

Somente assim, garantindo o amanhã dessas comunidades, poderemos ter a certeza de que estaremos garantindo o amanhã de nossos filhos e netos e do nosso Brasil.


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domingo, 3 de outubro de 2010

JUERG HUERLIMANN


Juerg e Núbia no Espaço da Criança



Juerg Huerlimann começou a me enviar e-mails em fevereiro de 2010. Encontrou meu endereço na internet, ao procurar contato para projetos da Fundação Rotária no Brasil.

Sendo do Rotary Club de Laufen, cantão alemão da Suíça, Distrito 1980, manifestou o propósito de visitar o Brasil em agosto e setembro, para gozar o “sabbatical”, uma espécie de licença-prêmio de três meses, a que tinha direito por haver completado dez anos de trabalho em banco. Aproveitaria para conhecer o país, praticar a língua portuguesa, participar de um trabalho social, conhecer novas pessoas.

Juerg fala bem nosso idioma, pois tem esposa portuguesa, é pai de dois meninos, de onze e de nove anos e cursou a Universidade de Coimbra, em Portugal. Disse que gostaria estabelecer parceria entre o seu clube e o Boa Viagem, num projeto em favor das crianças.

Trocamos e-mails ao longo de seis meses, estudamos várias possibilidades. A parceria num projeto da Fundação Rotária tornou-se inviável pelo fato do D-1980 não fazer parte do Plano Visão de Futuro, como o D-4500.

Como ele disse que havia conseguido dez mil dólares para o projeto, ofereci-lhe de pronto a Associação para Restauração do Homem, também conhecida como Espaço da Criança.

A creche, situada no bairro da Boa Vista, assiste à 100 crianças, metade pela manhã e metade à tarde. Funciona há 20 anos numa casa alugada. Acontece que o proprietário pediu a desocupação do imóvel, que se situa numa zona valorizada, pois pretende edificar no local um predio de apartamentos residenciais.

A diretora, ex-presidente do RC Boa Viagem, Núbia Mesquita, adquiriu há cerca de oito anos, um terreno nas proximidades, onde pretende edificar uma nova sede, que deverá estar concluída no prazo de um ano. Os projetos já estão prontos. Será uma construção em concreto pré-moldado, simples, de forma a abrigar as crianças em 4 salas de aulas, a um custo estimado em R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais).

O programa de viagem de Juerg, inclui duas semanas na China, dez dias no Recife, além de Rio de Janeiro, Brasília e Foz do Iguaçu. Viaja sozinho, pois a esposa e os filhos, não puderam tirar férias nesse período.

Fui recebê-lo no aeroporto. É um homem jovem, de quarenta e dois anos, alto, magro, cabelos claros e rosto sardento.

Estabeleci um programa de passeios turísticos e prestação de serviços humanitários. Visitou os principais pontos do Recife, Olinda e arredores, como Itamaracá e Porto de Galinhas.

Depois de conhecer a creche e o terreno da nova sede, Juerg me disse que queria passar três dias com as crianças. Assim fez. Conversou, brincou, jogou, ensinou geografia, mostrou o país de onde veio em um mapa da Europa.

Ao final, manifestou o desejo de conhecer as casas das crianças.

As funcionárias da creche contataram as mães para obter o salvo conduto e poder entrar na favela dos Coelhos. Fomos, Juerg, eu, uma funcionária e duas mães de alunos.

O impacto foi violento. Mal entramos e nos deparamos com uma pequena multidão nas ruelas estreitas, à porta de barracos. Homens, mulheres, adolescentes de ambos os sexos, formavam uma espécie de fila. Entravam contando dinheiro e saíam carregando pacotes de droga, crack, maconha ou papelotes de cocaína, abertamente, alheios à nossa presença.

Deixamos o ponto de venda e entramos num pequeno beco sobre palafitas à margem do rio Capibaribe.

O quadro é chocante. Começa pelos ambientes sem janela dos barracos de madeira podre, colados uns aos outros, sem espaço, nem ventilação. Não existem instalações sanitárias, as necessidades são despejadas in natura no rio.

Perguntei a três meninos que estavam sentados em um pedaço de tábua, os pés a balançar sobre as águas: Vocês não tomam banho nessa água, não é?

Só quando a maré está cheia, responderam, como se tal significasse a redenção dos pecados.

Alguns ambientes, apesar da pobreza extrema, eram limpos e arrumados. Em outros, o mau cheiro impregnava. Em todos, o calor que irradiava das telhas onduladas era insuportável. Vimos bebês misturados a gatos recém nascidos, embolados na mesma cama. Cinquenta reais é o preço de aluguel de um barraco desses.

À nossa passagem muitas pessoas desocupadas nos espreitavam, desconfiadas.

Juerg Huerlimann pode constatar o quanto é necessária uma creche como o Espaço da Criança, onde, alternando com a escola regular, as crianças recebem reforço escolar, atividades recreativas, alimentação, aulas de informática, tudo de forma gratuita. Os menores, dos cinco aos dezesseis anos, ficam longe das ruas, do tráfico e aprendem os verdadeiros valores morais, para se tornarem cidadãos úteis e produtivos, capazes de constituírem família e ganharem honestamente o pão de cada dia.

Obrigado, Juerg.

Nossas crianças agradecem poder sonhar com um amanhã radiante e pacífico.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

COMO IMPLEMENTAR O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE SEU CLUBE




COMO IMPLEMENTAR O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE SEU CLUBE

Palestra de Alberto Bittencourt




I – INTRODUÇÃO


1. Experiência pessoal

O presente trabalho é fruto de minha experiência como presidente da Comissão Distrital de Planejamento Estratégico do distrito 4500, na gestão do gov Leandro Araújo, 2009-10.

Nesse ano rotário tive oportunidade de fazer palestras e vivenciar o Planejamento Estratégico em diversos Rotary Clubs, PETS, Assembléia distrital, Represes, interclubes, e seminários.

Verifiquei que a maioria dos clubes não sabe por onde começar. Muitos confundem Planejamento Estratégico com Plano de Atividades ou com PLD.

Destaco, como exemplos a serem seguidos, os trabalhos do RC Recife-Casa Amarela, tendo à frente o companheiro Girley Brasileiro e da Represe de João Pessoa, conduzido pelo comp João Bosco, ambos facilitadores competentes e experimentados.

2. Referências bibliográficas

Inicialmente recomendo a leitura da revista Brasil Rotário de dezembro de 2009. A partir da página 25 há três artigos de fundo sobre planejamento estratégico. É a transcrição de palestras apresentadas no Instituto XXXII Rotary Brasil de Gramado, RS, em setembro de 2009. 

O primeiro artigo é do EGD Mário César Martins de Camargo, (D.4420). Sendo empresário atuante em importantes órgãos de classe, como a FIESP, Federação das Indústrias de São Paulo, da qual é o vice-presidente e a ABRIGRAF, Associação Brasileira das Indústrias Gráficas, da qual é presidente, ele apresenta uma visão dos pontos fortes e fracos do Rotary no mundo, sob a ótica empresarial.

As duas palestras seguintes foram dos ex-governadores Márcio Pereira Ribeiro (D.4750) e Raul Casanova Junior (D.4610).

É importante conhecer a experiência do Distrito 4610. O Governador Casanova reuniu os principais líderes do distrito, dois ou três por clube, e convocou facilitadores não rotarianos, especialistas em Planejamento Estratégico. Ele relata que o grupo se constituiu num Rotary Club hipotético, com o qual foram realizadas reuniões temáticas mensais, em número de cinco ou seis, os participantes divididos em oficinas de trabalho. As conclusões dos grupos foram lidas e consolidadas na elaboração do documento final. Todos se comprometeram a repetir em seus clubes esses mesmos trabalhos e dinâmicas vividas.

3. Importância

Paul Harris disse:

“Esse é um mundo que muda, o Rotary terá que acompanhar estas mudanças. A história do Rotary será escrita muitas vezes.”

À sua época, Paul Harris pressentia que, para sobreviver, o Rotary teria que se adequar às mudanças do mundo. Mesmo sem ter usado a expressão, o que ele disse revela uma premonição do que seria mais tarde chamado de planejamento estratégico.

Hoje todos aplicam o Planejamento Estratégico, seja em órgãos de governos, bancos, tribunais, cartórios, redes de supermercados, ONGs, etc..

O Planejameto Estratégico implica numa mudança de atitude e de comportamento, em que a empresa passa a ter o foco principal nos resultados.


II - DESENVOLVIMENTO

Para implementar o planejamento estratégico num Rotary Club, é importante que os três presidentes participem: o atual, o próximo e o futuro, pois só assim as ações terão a continuidade necessária.

O Planejamento Estratégico de um Rotary Club pode ser implementado em duas partes:

1. Uma parte teórica, constando de uma exposição com 40 minutos de duração, apoiada por um roteiro em Power Point.

2. Uma parte prática, na forma de discussão dirigida, com metodologia de dinâmica de grupo, conduzida por facilitador experimentado. Há companheiros em nossos clubes que já tiveram essa experiência em seus trabalhos e que podem muito bem atuar como facilitadores. 

As dinâmicas pressupõem uma tempestade de idéias, sob a forma de discussão dirigida. Podem ser realizadas em cerca de 5 ou 6 seções de 40 minutos cada, nas próprias plenárias dos clubes.

Dependendo do número de participantes, eles podem ser divididos em subgrupos ou oficinas de trabalho, ou serem mantidos num grupo único. O facilitador dirige as discussões dos diversos temas, buscando o consenso. As opiniões são consolidadas em poucas palavras, e registradas em um quadro branco, ou num flip-chart.

Ao fim dos trabalhos, terá sido produzido um documento intitulado Planejamento Estratégico do Clube, o qual substituirá o Plano de Atividades do Clube. A grande diferença é que o Planejamento Estratégico é feito de baixo para cima, numa tempestade de idéias e não de cima para baixo, como é usualmente feito o Plano de Atividades do Clube, e que, na maior parte das vezes, não funciona.

É importante ressaltar que o planejamento estratégico não é uma coisa rígida, fechada. Existem muitos modelos diferentes de planejamento estratégico. Cada empresa, cada órgão adota o seu, à sua maneira. Até de um Rotary Club para outro pode haver diferenças.


AS ETAPAS DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

A implementação do Planejamento Estratégico deve ser realizada por etapas sucessivas, a saber:

1. Diagnóstico
2. Objetivos e metas
3. Tática
4. Programação
5. Execução
6. Acompanhamento e controle.

Primeira etapa: Diagnóstico

A primeira dinâmica servirá para traçar o diagnóstico do clube. Os aspectos a serem discutidos são: visão, missão e valores (opcional).

1.1 - Visão
Cada companheiro vai manifestar sua visão.
Visão é a manifestação do pensamento e do sentimento de cada um a respeito do clube.
Os aspectos a serem abordados são: pontos fortes, pontos fracos, ameaças e oportunidades. Os participantes devem responder a perguntas do tipo:

· Quais são os pontos fortes do clube?
· Quais são os pontos fracos do clube?
· Que fatores nos ameaçam?
· Que oportunidades se apresentam?

Pontos fortes e fracos são fatores internos, enquanto ameaças e oportunidades são fatores externos. O envolvimento, o engajamento de todos os companheiros, é essencial. Tudo isso é para ser debatido, na tempestade de idéias, sob a liderança do facilitador. Muitas vezes ele precisará ir de pacificador a estimulador.

Para completar a visão do clube, cada um será chamado a opinar sobre:

· O que você acha do seu clube?
· Como você se sente dentro do clube?
· Como você vê o clube, dentro de um ano? Dentro de dois anos? Dentro de três anos?

1.2 - Missão

A missão é um valor presente. Refere-se às ações do clube, hoje. Deve expressar o que, como o clube faz, por que e para que.
O facilitador estimula os companheiros a colocar no quadro, em poucas palavras, em apenas um parágrafo, se possível, qual é a missão do clube, procurando, palavra por palavra, a que represente o consenso da maioria. A título de exemplo, pode ser citada a missão do Rotary International.

Segunda etapa: Objetivos e metas

Objetivos são valores futuros. 
O Objetivo é algo que você joga lá na frente e depois corre atrás. Deve sempre ser estabelecido a partir da missão do clube, com a qual deve estar em sintonia.

Estabelecidos os objetivos, definem-se as metas. Meta é a quantificação dos objetivos, expressa por unidades mensuráveis.
Aqui serão realizadas cinco ou seis dinâmicas de grupo para discutir as metas e objetivos das comissões permanentes, a saber: Fundação Rotária, Quadro Social, Projetos de Serviços, Administração, Imagem Pública entre outras que o clube tenha.

O estabelecimento dos objetivos e metas das comissões permanentes do clube deve ser feito na mesma metodologia da dinâmica de grupo. É a totalidade do quadro social quem vai definir, de baixo para cima, numa tempestade de idéias, os objetivos e metas de cada comissão, sob a direção do facilitador que, agora pode ser o próprio presidente da comissão, designado pelo presidente do clube.

É diferente do que era feito anteriormente, na elaboração do Plano de Atividades. Antes, o presidente de cada comissão estabelecia as suas metas, muitas vezes copiava de anos anteriores e as impunha de cima para baixo, sem discussão nem debates. Na maioria dos clubes, esse sistema simplesmente não funciona. É letra morta. Só serve para ser mostrado no dia da visita do governador, para depois ser novamente engavetado e esquecido. 

Por exemplo: o presidente da comissão da Fundação Rotária vai fazer a dinâmica para estabelecimento das metas de arrecadação para a FR em um ano, dois anos e três anos. O clube é quem vai dizer quanto vai contribuir em cada ano para a Fundação Rotária, como vai atingir aquela meta, que táticas e programas vai empregar. Sugiro que o ponto de partida seja o programa “Todos os rotarianos todos os anos”, ou seja, alcançar a meta da contribuição média de cem dólares por rotariano por ano.

A Comissão do Quadro Social, deve estabelecer metas de crescimento líquido durante os três anos seguintes. Por exemplo, qual a meta do clube daqui a um ano? E daqui a dois anos? E daqui a três anos?

As demais comissões vão fazer a mesma coisa: relacionar seus objetivos e traçar suas metas que devem ser fáceis de alcançar, mensuráveis, simples e moduladas crescentemente.

Essas dinâmicas devem abranger não somente as metas e objetivos de cada comissão, mas também a parte tática, a programação e a execução para alcançar as metas.
O estabelecimento de metas deve ser sempre modulado, para ser alcançado progressivamente, representando cada módulo, sempre um desafio a ser conquistado. 
As metas e objetivos do clube devem ser fáceis de alcançar, sem complicação, simples, do contrário, ninguém vai entender, ninguém vai conseguir executar.

Com relação à simplicidade do plano estratégico, cito a história de um cidadão recém admitido numa empresa. Ao chegar recebeu logo um calhamaço de 5 cm de espessura. Disseram-lhe: _ Aqui está o nosso plano estratégico. Estude-o, pois assim você terá uma visão global de toda a empresa e se integrará melhor ao seu setor.
Apesar de ler e reler várias vezes, o novo funcionário não conseguiu entender nada, pois o plano era muito complexo e ainda por cima usava e abusava do português corporativo, um tipo de linguagem usada no meio empresarial, semelhante ao economês, ou juridiquês. Exemplo, de português corporativo: substituir dispositivo periférico para melhoria das condições ambientais de iluminação e conforto. Traduzindo, isso quer dizer, simplesmente, trocar a lâmpada.

Terceira etapa: Tática

Tática, linha estratégica, ou estratégia, é a etapa em que escolhemos os caminhos para alcançar as metas. Para cada meta, imaginamos alguns eventos, estabelecemos atitudes e priorizamos ações a fim de alcançá-las, tudo com datas e prazos bem definidos, para não se perder o foco. Um exemplo de tática é organizar um desfile de modas para arranjar recursos para Fundação Rotária.

Quarta etapa: Programação

Definidos os eventos, entramos na fase em que programamos os eventos a serem realizados e definimos os recursos físicos, humanos e financeiros com que podemos contar.

Quinta etapa: Execução

É a utilização dos meios e recursos para realização dos eventos programados.

Sexta etapa: Acompanhamento e controle

Não podemos esquecer que cada etapa deve ser sempre acompanhada de uma avaliação, propiciando assim a devida correção de rumos, bem como os ajustes necessários. Sem essa avaliação sistemática, o clube nunca alcançará plenamente o que planejou.

Agora, nada disso vai funcionar, tudo isso vai ser em vão, se não houver o envolvimento de todos os rotarianos, de todos os companheiros do clube. A totalidade do quadro social tem que participar das dinâmicas, em todas as suas etapas. Do comprometimento de cada companheiro que participou e contribuiu com suas idéias, depende o sucesso do Plano.

O planejamento estratégico do clube agora vai funcionar, porque ele está sintonizado com a sinergia do clube.


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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

MENINAS DO CRACK




MENINAS DO CRACK


Alberto Bittencourt


Patrícia tem vinte anos. Há dois está reclusa na Colônia Penal Feminina do Bom Pastor, onde aguarda julgamento por tráfico de entorpecentes. 

Aos quinze entrou para o submundo das drogas, através do relacionamento com Marcão, um manda chuva da favela. Conhecera-o, quando, iniciada como avião, aguardava sua vez de receber mercadoria em consignação. Descalça, usava short e sutiã sem blusa. Era só o que possuía. Pele morena, cabelos compridos e lisos, certo ar rebelde, de moleca desafiadora.

Filha única entre quatro irmãos, pai desconhecido, mãe viciada, prostituída, Patrícia cresceu a esmolar pelas ruas. Não frequentou regularmente a escola, mas conseguiu se alfabetizar com certa facilidade. 

O dinheiro da droga trouxe benefícios para sua casa. Já nem se lembrava dos tempos de penúria. Marcão lhe dava além da proteção, tudo o que ela precisava e queria: roupas, drogas, celular, dinheiro, som, até uma moderna TV de 42 polegadas.

A mãe sentia orgulho da filha ser mulher de bandido.

Patrícia era feliz. Mandou gravar uma tatuagem, no cangote, com o nome do amante, Marcos, dentro de um coração vermelho, cercado de anjos, expressão de seu amor eterno.

Após alguns meses de relacionamento, descobrira-se grávida. Logo soube que era menino. Depois veio a notícia trágica.

Em plena luz de um dia de movimento, Marcão deixara a boca e se dirigia para casa. Vieram os motoqueiros, tentou fugir, quatorze disparos encerraram uma carreira mal começada, aos 26 anos de idade.

Patrícia atirou-se sobre o corpo inerte. No desespero, o queria de volta, não podia ficar sem o amante e protetor. O que seria dela e do filho, ainda por nascer?

Ao enterro compareceram as meninas do crack, adolescentes como ela, encarregadas de buscar pedras para usuários. As idades podiam variar dos 13 aos 18. 

Confirmando o que fingia não saber, lá estavam mais duas meninas grávidas, se dizendo mulheres de Marcão e outras chorando a perda do namorado traficante.

A mãe de Marcão disse que cuidaria dos três bebês.

O meu eu não dou! Patrícia prosseguiu na tarefa de pegar pacotes de crack, levar para os consumidores, repor o dinheiro. O lucro mal dava para o mínimo, o leite, recebia do governo.

Graças a uma disciplina férrea, Patrícia não consumia drogas. Sabia que, se o fizesse, terminaria por voltar à mendicância, como acontecia com outras meninas do crack, de crianças à tiracolo. 

E agora? Seu irmão, viciado, roubara a feira do dia. Não tinha como repor. Desesperada, arrumou a trouxinha do bebê a quem batizara de Marcos – pelo menos assim aproveitaria a tatuagem, não ficaria inútil – e o levou para a casa da sogra. Adeus, meu bebê. Mainha vai viajar, minha vida!

Chorando, Patrícia entrou na delegacia. Seu delegado me prenda, pelo amor de Deus. Na minha bolsa tem pedra, sou traficante, o Sr pode conferir. Por favor, não me deixe voltar, eu tenho um filhinho de seis meses, eles vão me matar, vão matar meu bebê.

O delegado mandou lavrar o flagrante e Patrícia, ré confessa, está há dois anos recolhida, ainda sem culpa formada.

A vida continua nos barracos podres de madeira, palafitas fincadas na maré, sem ventilação, telhas onduladas de calor insuportável e cheiro cloacal, onde impera o comércio do crack, cocaína, maconha. A droga chega, pequena multidão acorre, crianças e adolescentes aparecem, a droga traz dinheiro.

A gata teve a ninhada na mesma cama onde agora se misturam a avó, as três crianças e cinco gatinhos. Como sair dessa? Seu delegado, me ajude!

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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

ONDE ESTÁ A FELICIDADE?

Contam que um discípulo de Buda, certa vez, perguntou-lhe: “Mestre, como podem essas pessoas que vêm ao templo vestidas apenas de trapos, que nada possuem a não ser uma tigela para pedir arroz, como podem essas pessoas ser felizes?” Ao que o Mestre respondeu: “Essas pessoas, vestidas apenas de trapos, que nada possuem a não ser uma tigela de arroz, são felizes porque não pensam no futuro, nem no passado. Elas são felizes porque pensam apenas no presente”.

A lição de Buda mostra que a felicidade, antes de ser um objetivo de vida, perseguido, buscado, é muito mais um estado de espírito, uma atitude de vida e como tal, deve ser praticada no dia a dia. Isso implica numa de disciplina de felicidade.

Há um ditado que diz: A felicidade não está no fim do caminho. A felicidade é o próprio caminho.

Para nós, que vivemos em sociedade, a felicidade está intimamente ligada á interação entre as pessoas, no que se chama de relacionamento. Esse relacionamento nem sempre é harmônico. Conflitos normalmente acontecem, mas o caminho da felicidade é procurar resolve-los pacificamente. O segredo é a empatia.

Empatia é a capacidade de avaliar o sofrimento dos outros. É a capacidade de se colocar no lugar do outro, de olhar a situação pelo ponto de vista do outro. Assim, procedendo, você evitará muitos conflitos, pois entenderá as razões do outro. Colocar-se no lugar do outro é um dos caminhos da paz, da felicidade.

James Hunt, autor de “O Monge e o Executivo”, disse que “a confiança é a cola que une os relacionamentos”. Para cultivar a mútua confiança, é preciso estar junto, estar disponível, desenvolver a atenção, o diálogo, saber ouvir.

Antigamente uma correspondência levava meses para ir de uma cidade a outra, transportada por um mensageiro a pé. Com a evolução dos tempos, veio o cavalo, o trem, o avião, que reduziram as distâncias e o tempo.

Hoje, uma mensagem é transportada a uma velocidade de 8.400 km/segundo, quase instantaneamente. As pessoas se relacionam com o mundo através da Internet. Mas, nesse mundo globalizado, essas mesmas pessoas se entocam, se enclausuram, deixam de conviver, de simplesmente estar uns com os outros, pelo simples prazer de estar junto. A sociedade de hoje prima pela pobreza relacionamental. É raro um amigo visitar o outro, muito mais difícil é fazer novas amizades.

“Não fique só”, disse dom Helder Câmara. O caminho da felicidade é procurar velhos amigos para conversar, discutir projetos, compartilhar dúvidas e inquietações. É aproveitar as oportunidades de se fazer novas amizades.

Recentemente, eu e minha mulher fomos a um casamento. Eu garanto que todos já viram este filme. Há pessoas que se retiram antes do término da cerimônia religiosa e correm para o salão de recepção, se aboletam nas mesas a guardar lugar para amigos e familiares. Outros já vão direto ao local da festa, nem passam pela cerimônia. Quando lá chegamos, as mesas, de dez lugares estavam todas ocupadas por apenas um casal cada. Saímos perguntando: “Esses lugares estão disponíveis?” A resposta era a mesma: “Não, a família está a caminho.” Essa atitude, a meu ver, é egoística e segregadora. Restavam-nos as alternativas: ficar em pé, o que não é agradável, sobretudo para as senhoras de salto alto, reclamar junto ao cerimonial, ou sentar na marra, gerando um conflito.

Já estávamos resignados a ficar de pé, encostados a um pequeno balcão, quando fomos salvos por nossa filha que encontrou lugar em uma mesa ocupada por simpático casal.

Vocês nem imaginam como foi rica a experiência de compartilhar idéias, pontos de vista, opiniões e impressões com esse agradável casal recém-conhecido. No final trocamos cartões. Nosso genro e filha, ambos veterinários, ao que parece, até ganharam novos clientes.

Quando vou sozinho ao restaurante Chica Pitanga, perto de meu escritório em Boa Viagem, a recepcionista sempre pergunta: “o sr. aceita compartilhar a mesa?”

A maioria das pessoas prefere almoçar sem a companhia de estranhos, mas eu sempre digo que sim. Via de regra surge um papo interessante, pois para mim todas as pessoas são interessantes. Sempre temos algo a aprender com alguém, por mais inesperado que seja. O Dalai Lama, em seu excelente livro “A Arte da Felicidade”, diz que adora partilhar as inquietudes de chefe de estado do Tibete com a camareira ou faxineira dos hotéis em que se hospeda. As pessoas se sentem importantes e valorizadas, diz ele, e sempre têm alguma contribuição a dar.

Muitos relacionam felicidade com a satisfação de seus desejos. Porém o desejo só existe enquanto não for alcançado. Você pode pensar que será feliz somente se, por exemplo, for aprovado num concurso, se aposentar, ou obtiver certos bens materiais. Porém, alcançar um desejo é apenas o início de novos desejos. No momento em que você o realiza, surgem outros, você passa a desejar mais, pois sempre haverá algo a ser almejado.

Outros confundem felicidade com prazer, porém, a felicidade que advém unicamente do prazer é instável, especialmente se for prazer físico. Uma vez desaparecido o objeto do prazer, ela deixa de existir.

Para os budistas, a felicidade é desapego, é libertação dos desejos. Para eles, as boas ações que você vai acumulando formam o seu “Campo do Mérito”, constituído pelos registros positivos de nossa mente, que resultam de todas as ações positivas. O estoque de mérito é que vai determinar as condições favoráveis para as vidas futuras, dizem eles. Um meio de acumular méritos envolve a tolerância, respeito, confiança nas outras pessoas.

A felicidade está diante de nós, aqui e agora. Não a deixemos passar.

Namastê.

SAUDAÇÃO AOS NOVOS COMPANHEIROS

(Realizada na reunião plenária do RC Recife-Boa Viagem em 29.07.10)

Caros companheiros Roberto, Henio, Moacir, Wellington e Vânia

Em Rotary, a entrada de um novo sócio é sempre motivo de orgulho e satisfação.
Parabéns. Vocês estão ingressando no Rotary International. A partir deste momento vocês podem contar com o apoio, não apenas dos sócios deste clube, mas de todos os clubes do Brasil e do mundo. Onde quer que vocês estejam, onde houver um Rotary Club, vocês serão acolhidos como irmãos, membros da mesma família rotária.

Vocês têm no Rotary, uma excelente oportunidade de fazer novos amigos. Para vocês, esta talvez seja a maior chance de colher jóias no precioso tesouro de amizades que é o Rotary. Eu e Helena, que vivemos Rotary no dia a dia, temos tido a constante alegria de fazer novos amigos a todo instante. Assim, posso garantir que o Rotary é um bom lugar para ser feliz. Basta que vocês usufruam o que o Rotary lhes oferece. Aqui vocês podem contar com a mútua ajuda profissional dos demais companheiros, qualquer que seja a cidade, qualquer que seja o país em que estejam.

Quando Paul Harris fundou o Rotary em 1905, ele convidou três amigos. Nascia assim uma instituição, que hoje tem 105 anos de existência e congrega mais de um milhão e duzentos mil rotarianos no mundo. Ao formar esse grupo, Paul Harris observou o princípio da tolerância religiosa, pois um era protestante, o outro católico e o terceiro judeu. Desde o seu nascimento, o Rotary foi criado sem distinção de religião. Pode ser muçulmano, budista, xintoísta, de qualquer parte do mundo, não importa a raça, não importa o país, não importa a cor, nem a classe social, todos são aceitos como irmãos. Essa é a filosofia do Rotary.

O Rotary, companheiros, é cada vez mais um movimento familiar. Quando eu fui governador do centenário em 2004-05, o então presidente do Rotary International, Glenn Estess, disse: “O Rotary não é feito para tirar o rotariano de suas famílias. É antes para trazer juntos, o rotariano e toda a sua família para dentro do Rotary”. Esse é o espírito do Rotary. É a grande família, à qual vocês devem trazer seus cônjuges, filhos, irmãos, parentes, para que, numa convivência fraterna, todos se integrem, todos compartilhem esperanças e inquietudes, posto que são membros da Família Rotária.

O distintivo que vocês irão receber hoje, também implica em compromisso. Vocês não estão entrando apenas num clube de amigos. Vocês, antes estão entrando num clube de prestação de serviços. A primeira coisa que eu aconselho é que vocês conheçam o que o Rotary faz. Visitem os trabalhos do Rotary. Não apenas deste clube, mas também de outros clubes.

Cito o exemplo das cidades devastadas pelas recentes enchentes, como Barreiros, Palmares e adjacências, tendo milhares de desabrigados. Vejam os trabalhos que o Rotary International está fazendo, com a doação de kits de sobrevivência, constituídos de uma barraca com dois quartos, bem ventilada, salubre, o piso forrado, dotada de perfeito isolamento térmico, destinada a abrigar uma família de até 10 pessoas em condições dignas, pois se pode ficar em pé dentro da mesma. Constam ainda desse kit utensílios de cozinha, e de mesa, roupa de cama, agasalhos, material escolar para as crianças, tudo acondicionado dentro de uma caixa chamada Shelter Box.
Comitivas de rotarianos têm visitados esses acampamentos todos os dias. O ex-governador Leandro Araujo, cujo pai é da cidade de Barreiros, vai lá todos os fins de semanas. Há rotarianos voluntários trabalhando nas montagens das barracas há mais de um mês, inclusive dois ingleses e dois paulistas. São mil barracas doadas, no valor total de um milhão de dólares, já que cada barraca custa mil dólares, aí incluídos o frete, as viagens e manutenção dos voluntários. Dependendo das necessidades, esse número pode chegar a duas, três mil barracas.

Então, caros companheiros, é preciso ir lá, ver o que o Rotary faz. É preciso conhecer o projeto “Sorriso Cidadão”, conduzido pelo nosso companheiro Aldonso. Não fiquem restritos às quatro paredes desta sala. O Rotary não é apenas isto. O Rotary é muito mais. Se vocês pensarem que o Rotary é só a reunião plenária semanal, vocês estarão iguais àquele cego que, ao lhe ser mostrado um elefante, se abraçou a uma perna e disse: “O elefante é uma árvore!” Porque vocês não terão a visão do conjunto, do que o Rotary faz no mundo.

O lema deste ano rotário é “Fortalecer Comunidades, Unir Continentes”. É importante conhecer as comunidades em que este clube atua. As creches assistidas pelo nosso clube, como o Lar de Cáritas no Jardim Piedade, o CRVV na favela do Bode, o Espaço da Criança na Boa Vista. É preciso conhecer as ações do Rotary no atendimento às crianças, adolescentes, idosos, deficientes. São muitas as ações do Rotary. Se você ficar só dentro destas quatro paredes você vai perder a oportunidade de ser feliz. È preciso ir lá, ver o que o Rotary faz, trabalhar, participar.

Todos conhecem a ONG Green Peace. Ela tem 2,5 milhões de militantes no mundo inteiro. Foi fundada em 1975. Sabem por que o Green Peace tem esse número e aparece tanto na mídia internacional? Porque há uma diferença entre ser militante e ser simpatizante. Tanto o militante como o simpatizante têm os mesmos ideais, os mesmos objetivos, porém o militante é o que faz, é o que arregaça as mangas e vai para as ruas. No Rotary, posso dizer que a maioria é de simpatizantes. Mas o que o mundo precisa cada vez mais é de militantes que abracem uma causa e lutem por seus ideais. Sejam militantes do Rotary, é o meu conselho a vocês.

Eu desejo que vocês sejam muito felizes, que vocês usufruam de sua nova família rotária. Nós estaremos aqui para orientar, para ensinar, naquilo em que vocês tiverem dúvidas, pois ninguém ama aquilo que não conhece. Eu quero que vocês sejam em Rotary como uma pequena semente lançada em terreno fértil. Que ela cresça, se fortaleça, dê frutos, se multiplique, nutrida pela força da amizade, do serviço, e do amor ao Rotary.
Sejam felizes. Muito obrigado.

terça-feira, 18 de maio de 2010

“A peça de teatro da vida”

O ator de cinema e teatro italiano Vittorio Gassman (1922-2000), dizia que tudo seria melhor se a vida fosse como uma peça de teatro. Assim, poderíamos ensaiar os atos da vida real, antes de praticá-los. Somente depois de testados, experimentados, repetidos várias vezes, agiríamos para valer. Enquanto as coisas não dessem certo, seriam apenas ensaios .
Seria muito bom se assim fosse. Ninguém cometeria erros, e tudo andaria às mil maravilhas.
Na verdade a vida pode ser comparada a uma enorme produção teatral onde não são permitidos ensaios, onde tudo é improviso. Uma produção teatral com enorme complexidade. O roteiro trata de uma quantidade colossal de experiências, que vão das mais engraçadas e leves àquelas dramáticas ou que criam suspense. A produção é igualmente impressionante. Há os atores, o pessoal que trabalha nos bastidores, os críticos e até o público.
Mas, como a peça do teatro da vida é feita de improviso, eles nunca estão em sintonia. Os atores interferem nas tarefas do pessoal dos bastidores, os músicos dão palpites nos trabalhos dos iluminadores e assim por diante. Os participantes simplesmente não estão concentrados em seu papel e não se entendem.
E a peça do teatro da vida vai se desenrolando.
Se quisermos, entretanto, melhorá-la, torná-la harmoniosa e bela, três passos são necessários:
Como primeiro passo, concentre-se em descobrir qual é o seu papel. Pense no que está você fazendo, aqui e agora. Reflita como está você se sentindo nessa grande peça de teatro coletiva, que é a vida. Redirecione sua energia e atenção para o desempenho desse papel. Reconhecido o seu papel, você poderá curti-lo com alegria e identificar com mais clarividência seus próprios objetivos.
O segundo passo é aprender as suas falas, isto é, estudar o seu papel, adquirir conhecimentos, aprender. Assim fazendo, você adquirirá a consciência de que é parte de um todo. Deixe que seus talentos naturais e suas capacidades adquiridas se manifestem e evoluam até a perfeição.
O terceiro passo é confiar e respeitar as escolhas dos outros. Sabendo-se que os demais participantes também fizeram seus cursos e adquiriram conhecimentos, você deve atuar em harmonia e sintonia com todos, pois eles também foram instruídos para desempenhar seus papéis de forma harmoniosa. Isso seria muito mais fácil se cada um parasse de se preocupar com o que os outros estão fazendo
Ao dar esses três passos você entrará num estado de consciência em que o campo energético do coração estará completamente aberto. Você então pode estabelecer contato com a divindade interior, o mestre que há dentro de cada um. É um estado de consciência em que o personagem deixa de ser o “eu”, superando a separação e a limitação, procurando apenas servir ao coletivo, voltado para o que é melhor para o todo e não apenas para o indivíduo.
À medida que você entender como criar em seus pensamentos essa nova realidade, mesmo que você nem sempre consiga mudar as circunstâncias, sempre poderá mudar de atitude e, desse modo, criar novas experiências de vida.
Em resumo, são as seguintes as lições para uma vida harmoniosa:
· Discernimento – descobrir qual é o seu papel; saber qual é o próximo passo; descobrir qual é a dança que você quer dançar.
· Singularidade individual – aprender as suas falas; aprender os passos; desenvolver os seus talentos.
· Aceitação da diversidade do ser – confiar e respeitar as escolhas dos outros; aprender a dançar sem pisar nos pés dos outros; saber dividir o espaço, pois você pode querer dançar uma valsa e o outro pode querer dançar um samba.

caros amigos

E-mail enviado dia 10 de abril de 2010:

Caros amigos

Estamos no Rio de janeiro, para onde viemos comemorar o aniversário de 90 anos de minha mãe, dia 31 de março.

Em reposta à preocupação dos amigos do Recife, em decorrência das fortes chuvas desabadas sobre a cidade ao entardecer da segunda-feira, dia 05, informamos que, pessoalmente, graças a Deus, não tivemos maiores transtornos. Apenas meu genro ficou 6 horas engarrafado dentro do túnel Rebouças. Ele e minha filha só conseguiram chegar em casa, vindos do trabalho, às 01h30, na madrugada do dia seguinte.

O mais grave, infelizmente, ocorreu depois, em Niteroi, onde os deslizamentos causaram mais de 200 mortes.

O tempo ainda está instável aqui no Rio, com períodos de muita chuva. As ruas permanecem enlameadas, o trânsito caótico em determinados lugares.

Minha filha, genro e netos, moram numa cobertura que se debruça sobre a lagoa Rodrigo de Freitas, no Sacopã, a uns cem metros de altitude. O lugar é lindo, as construções sobem pelas encostas, pois a faixa a nível do mar é estreita. Do apto se descortina a vista maravilhosa da lagoa em primeiro plano, seguida dos morros Pão de Açúcar, Corcovado com o Cristo Redentor, por sinal em obras e cerdado de andaimes, pedra da Gávea mais ao fundo, e outros. Vemos o estádio de remo do Flamengo, os clubes Piraquê e Caiçara, o Joquei Club, que marcaram nossa juventude nos anos sessenta.

A tempestade do dia 05 coincidiu com a maré alta, o que fez o nível da lagoa subir cerca de 1m40 além do normal. Uma água vermelha e barrenta invadiu ruas e prédios do entorno. Plásticos e garrafas pet ainda hoje se acumulam nas margens, trazidos pela chuva. Um mar de cocô de algum esgoto rompido contribui para a poluição em outro trecho da lagoa.

Quando não chove, eu e minha filha iniciamos o dia com uma caminhada holística e ecológica, na ciclovia em volta da lagoa, em marcha acelerada, finalizada por uma pequena corrida até completar os 7500m do perímetro. Holística porque vamos observando as pessoas, os carros, o mundo á nossa volta e ecológica porque nos integramos à natureza farta e bela. Há uma variedade de pássaros, garças, marrecos, patos, uns nadando outros voando em V. Há também um tipo de frango d'água de plumagem negra e bico vermelho e até um local habitado por uma familia de capivaras, marcado por placas, embora eu nunca as tenha visto. Ninguém sabe de onde elas vieram.
O passeio é movimentado em dias de sol. As mamães levam seus bebês, outros levam seus cães, os idosos vão caminhar, os atletas treinar. Passamos pelo heliporto, onde a todo instante helicópteros aterrisam e decolam no transporte de ricaços, de casa para o trabalho e vice-versa.
Há muitos quiosques com restaurantes e bares famosos. A lagoa é, literalmente, uma festa.

Pagamos hoje o preço da falta de planejamento habitacional e familiar, o que já era alertado há trinta anos. Que falta faz o BNH - Banco Nacional da Habitação, extinto pelo governo Sarney de uma canetada só. O Brasil precisa construir um milhão de moradias por ano, a fundo perdido, para uma população extremamente pobre, sofrida, que se amontoa em locais de risco de modo sub-humano, nos morros e palafitas das capitais e das grandes cidades. Precisamos de um novo sistema em que os políticos possam pensar grande. Pensar grande é pensar no tempo dos outros, dos que virão depois, em lugar de só pensarem nas eleições seguintes.

Que nunca nos esqueçamos de toda essa tragédia.

Abraços.
Alberto Bittencourt

sábado, 24 de abril de 2010

OS QUATRO TETOS

OS QUATRO TETOS

Sai Baba, homem santo da Índia, diz que há quatro tetos na vida, quatro coisas cujo consumo devemos limitar pois podem acabar, são finitas e portanto não devemos desperdiçar: tempo, dinheiro, alimento e energia.
Seu tempo é o que você é. Sua energia é o que você faz. Seu alimento, seu dinheiro, é o que você tem.
Tempo é um artigo do qual todas as pessoas compartilham exatamente na mesma proporção: todo mundo só tem 24 horas por dia à sua disposição. O tempo desperdiçado não se recupera jamais, está perdido para sempre.
A maioria das pessoas desperdiça muito tempo em atividades fúteis e sem significado que as distraem de seguirem o caminho do crescimento, como por exemplo, assistindo filmes pouco edificantes, lendo romances de baixa categoria. A tagarelice, mexericos, desperdiça tempo e energia. Igualmente, hábitos dispendiosos como o jogo, apostas, bebidas e outras atividades desperdiçam tempo, dinheiro e energia.
Emoções negativas como ódio, raiva, cobiça, ressentimento, inveja ou ciúme, consomem vastas quantidades de energias que poderiam ser mais proveitosamente usadas de modo positivo.
Muitas pessoas, homens e mulheres, têm armários abarrotados de roupas que não usam mais, prateleiras cheias de livros lidos e empoeirados que só ocupam lugar e poderiam ser úteis a tantas pessoas. Gastamos muito dinheiro com coisas supérfluas e sem necessidade, quando poderíamos economizar um pouco para ajudar os pobres e desassistidos, aliviar o sofrimento dos enfermos, melhorar as condições de vida dos deficientes, recuperar drogados, dar alegria aos idosos, cuidar das crianças para que tenham um futuro melhor.
Há desperdícios demais no mundo. Enquanto pessoas passam fome em países pobres, nos países ricos se esbanja.
Será que estamos desperdiçando nosso tempo em atividades pouco edificantes?
Será que estamos desperdiçando nosso dinheiro com coisas supérfluas e desnecessárias?
Será que estamos desperdiçando nosso alimento, deixando estragar e jogando fora o que poderia alimentar o próximo?
Será que estamos desperdiçando nossa energia, com banalidades que nos consomem e desgastam que só nos trazem inutilidades, baixos valores como vaidade, orgulho, preconceito?
Sai Baba disse que todo desperdício é como derramar água numa peneira. A água valiosa se perde por ser dispersada em todas as direções, em vez de canalizada para uma causa específica.
Você precisa acabar com o hábito corriqueiro de arranjar incontáveis desculpas para o fato de ter muito pouco tempo e energia para o trabalho voluntário.
Se você estabelecer um teto, um limite aos desejos de seu EGO superficial e mundano, a poupança daí resultante pode ser usada para ajudar aos menos favorecidos. Com diretrizes claramente definidas e um programa certo, é possível reduzir os desperdícios, aplicando o dinheiro, a comida, o tempo e a energia assim economizados na ajuda às pessoas necessitadas.

terça-feira, 6 de abril de 2010

ARAUTOS DA PAZ



Aproveito para enaltecer aqui as figuras de três grandes estadistas brasileiros, três pacifistas, três líderes e patriotas de renome internacional, que jamais deixaram de praticar a força do diálogo, da razão, do convencimento e conseguiram fazer do Brasil desde o início do século XX, esta grande nação, mundialmente reconhecida, orgulho de todos os brasileiros.

1 - Barão do Rio Branco, José Maria da Silva Paranhos Júnior, (1845 - 1912), até o último dia de vida titular da pasta de Relações Exteriores do Brasil, que ocupou ininterruptamente desde 3 de dezembro de 1902. Destacou-se sempre por sua política exterior de concórdia, repulsando toda guerra de conquista. Defendeu até o fim a Constituição Federal de 1891, que em seu artigo 88 dizia: Os Estados Unidos do Brasil em caso algum se empenharão em guerra de conquista, direta ou indiretamente, por si ou em aliança com outra nação.

Amigo sincero da paz, assinou, durante a sua gestão trinta tratados de arbitramento internacional, entre eles o das “Missões”, o do território do Amapá, (1900), o do território do Acre, concluído em Petrópolis,(1903), no qual o Brasil indenizou a Bolívia em 2 milhões de libras esterlinas e mais alguns territórios pequenos para acertar as fronteiras, e o tratado com o Uruguai, (tratado de condomínio da Lagoa Mirim do rio Jaguarão), considerado como “ato de raro altruísmo internacional” (1908).

Sua visão ampla e seu espírito pacífico e simultaneamente seu patriotismo que demonstrou na atividade de pacificação das relações exteriores com os povos e governos sul-americanos, evitou muitas conflagrações durante a sua época.

2 - Ruy Barbosa, (1849 - 1923), grande pacifista brasileiro, de valor internacional que, durante uma vida inteira de ação, peleja e apostolado, pugnou pelo direito, pela justiça e pela liberdade. Inumeráveis são suas realizações, no campo da política, da literatura, do direito e do jornalismo. Dotado de fulgurante inteligência, enfrentou corajosamente as ditaduras de sua época, pois encarnaram-se nele enormes aspirações pela liberdade, elemento essencial para a paz na Terra.

Este grande senso de liberdade tornou-o também um dos maiores lutadores pela abolição. Para a libertação do Brasil da monarquia, foi ele um dos mais eficazes arautos, talvez o mais notável. A respeito de suas contribuições para este objetivo, na imprensa, diz Osório Duque Estrada em sua “História do Brasil”: Nunca a voz da imprensa militante e partidária logrou tanto prestígio entre nós.

Ruy Barbosa participou do primeiro ministério da jovem República e destacou-se muito na consolidação do Estado, na realização de reformas e solução de problemas surgidos em virtude das novas instituições.

Repercussão internacional alcançou sua participação na Conferência da Paz em Haya, (1907), como representante do Brasil. Lá, conquistou sucesso eminente, defendendo a igualdade entre pequenos e grandes nações quanto à sua soberania. Por sua atuação recebeu o cognome de "O Águia de Haya". É considerado uma das maiores inteligências do seu tempo, pela clareza e perspicácia de suas argumentações.

O caminho da paz e da compreensão entre povos e nações se opõe a qualquer tendência de agir em termos de superioridade nacional ou racial. Ruy Barbosa provou que, na mesa de negociação, não existe nação superior, nem nação inferior.

3 - Marechal Rondon. Outro exemplo de patriota e pacifista foi o marechal Cândido Mariano da Silva Rondon (1865 – 1958). Nos primórdios do século 20, à frente da Comissão Rondon, foi o grande líder da construção de linhas telegráficas no interior do Mato Grosso até Goiás. Desbravando e mapeando regiões, enfrentando doenças tropicais como a malária, sofrendo ataques dos silvícolas, o marechal Rondon abriu caminho rumo ao oeste brasileiro, no desafio ciclópico de integrar o Brasil. Seu lema: Morrer se preciso for, matar nunca.

SOLIDARIEDADE A UM COMPANHEIRO



Dirijo-me aos mais de 900 companheiros do GEROI, espalhados pelo imenso Brasil, pelos países de língua portuguesa, pela América Latina, pelo mundo.
Nosso presidente, Francisco Rolando Issa passa por momentos difíceis, tão difíceis que somente ele e sua família podem avaliar. Ao que tudo indica o fundador, criador e organizador dessa formidável rede de expressão e comunicação dedicada a assuntos do Rotary International que é o GEROI, vive uma tormenta de inimagináveis consequências.
Uma coisa é certa: ele precisa de nosso apoio, de nossa solidariedade, de nossa ajuda. A partir do momento em que sua esposa Elisabeth dirigiu a seu pedido, veemente apelo à nossa comunidade, não podemos deixar de comparecer.
Issa formou uma formidável cadeia de rotarianos que se unem através da Internet, voltados para o estudo e desenvolvimento dos clubes, para o esclarecimento de dúvidas, para a divulgação de exemplos edificantes, para o aprimoramento pessoal e coletivo, para o cultivo da ética. São quase um milhar de mensagens que circulam mensalmente desde o ano de 2005, ano da criação do GEROI.
Issa nunca faltou em todos os momentos dessa trajetória vitoriosa. Sua liderança precisa está presente sempre que necessário, para colocar a casa em ordem, para relembrar os princípios e regras que balizam o GEROI. Sua palavra equilibrada sempre surge oportuna, apaziguadora, conciliadora, pacificadora, esclarecedora, orientadora.
Há um ditado africano que diz: "Pessoas comuns, fazendo coisas simples, em lugares pouco importantes, conseguem mudanças extraordinárias." Assim é o Issa, assim são os rotarianos de hoje.
Profissional devotado, cirurgião dentista, Issa trabalha todas as jornadas para ganhar o pão de cada dia. À noite, dedica-se até altas horas ao GEROI, diariamente, a pastorear o seu rebanho, sem perder um só detalhe, vigilante, empolgado, entusiasmado.
Minha proposta é formarmos uma cadeia de solidariedade e apoio ao nosso presidente. Se 160 companheiros depositarem 50 reais cada um, já teremos aí os 8 mil necessários para a liberdade. Mas ainda há outros custos com advogados e com o processo. Quem achar muito, colabore com 5, 10, 25, quanto puder.
Não importam as circunstâncias, o que importa é darmos as mãos a um companheiro que está precisando. Não podemos faltar-lhe nesta hora. Comecemos na segunda feira, dia 05 de abril, para que o presidente Issa possa se recuperar e voltar às suas atividades normais o quanto antes.
Eu sempre disse que o GEROI é um tesouro de informações e de amizades. São muitas as jóias preciosas que colhi nesses cinco anos de existência. Muito tenho aprendido com os amigos. Nomear a todos seria impossível. Sempre recebi o estímulo dos companheiros ao repercutirem minhas mensagens. Devo muito ao GEROI e ao presidente Issa. Quero vê-lo de volta, entre nós, no seu posto de timoneiro. Espero conhecê-lo pessoalmente no Instituto Rotary Brasil de Santos, mais perto de sua cidade, São José dos Campos.
Obrigado, companheiro Issa. Que Deus o proteja e ilumine.
OBRIGADO AOS COMPANHEIROS DO GEROI.



Prezados companheiros do GEROI
Também já fiz a minha parte. Agendei a trasnferência da quantia de R$50,00, conforme consta abaixo. É como a gota d'água do passarinho ante o incêncio da floresta mas, se todos se mobilizarem, conseguiremos apagar o fogo.
Volto a dizer que não importam as circunstâncias, o que importa é que o comp Issa precisa de nós e nós não podemos faltar. O caminho está traçado, passemos à ação.

DAR AS MÃOS

DAR AS MÃOS




É sempre admirável ver duas pessoas de mãos dadas. É como se uma corrente de energia, de amor, de força, unisse definitivamente dois corpos físicos, nos quais um batalhão de elétrons atravessasse velozmente, por canais condutores, de um para outro, fortalecendo-os, energizando-os.

Gosto de apreciar as crianças a brincar de mãos dadas e, especialmente, os casais mais idosos quando dão a mão um para o outro. Os dedos entrelaçados quanto mais se estreitam, mais transmitem energia.

Dar as mãos é, sobretudo, uma relação de troca em que não há nem recebedor, nem doador. Quando estiver andando, você gostará, talvez, de pegar na mão de uma criança. Ela receberá sua segurança e estabilidade e você receberá dela o frescor e a inocência.

Cientificamente, o ato de dar as mãos, está provado, acalma, tira a ansiedade, dá uma tranqüilidade maior à uma alma transtornada pela dor e pelo medo.

O dr. David Servan-Schreiber, médico psiquiatra francês, autor do livro “Curar”, publicado no Brasil pela Sá Editora, conta o caso do marido que, numa emergência hospitalar, apenas segurou a mão da esposa enquanto ela, apavorada, se submetia a dolorosos procedimentos médicos. Após o término dos mesmos, ele relata que ouviu dela a seguinte expressão:
"Você não imagina o bem que me fez ao segurar a minha mão enquanto eu estava com medo."

É fato comprovado pela ciência através da análise das ondas cerebrais do estresse que, em pacientes com ferimentos graves, podem não sarar com o simples gesto de afeto de dar as mãos, mas a solidão e o medo desaparecem assim como, sabe-se agora, a dor.

Experimentos científicos o comprovam, diz o dr David. Se um enfermeiro desconhecido simplesmente segura a mão da paciente, o medo diminui. O cérebro, mostrado em imagens de ressonância magnética revela menos ansiedade, embora a dor continue. Entretanto, se for o marido a lhe tomar as mãos, o cérebro se acalma em todos os sentidos e em todos os níveis. 

O Dr. Davi diz que qualquer coisa extraordinária se passa através do contato físico. É algo tão forte quanto um potente medicamento, capaz de acalmar a dor e o medo. E quanto mais a relação é forte, mais esse medicamento é eficaz. O efeito sobre o cérebro das mulheres é diretamente proporcional ao amor que elas devotam ao seu marido.

Assim, na ressonância magnética, pode-se ver a modificação que ocorre em uma das regiões mais profundas do cérebro emocional – O hipotálamo – a glândula que regula a secreção de todos os hormônios do corpo e sobretudo dos hormônios do estresse. Poder agir desse modo sobre o hipotálamo e sem efeitos secundários é o sonho de toda indústria farmacêutica, prossegue o médico.

Intuitivamente, se descobriu o que há de mais profundo na natureza humana: a necessidade que todos têm de sentir fisicamente a natural conexão com o outro e com o amor. Mais do que físico, dar as mãos é um contato espiritual. É preciso tirar proveito disso.



TOME A MINHA MÃO  

 Thich Nhat Hanh 
(monge vietnamita)

Tome a minha mão
Vamos caminhar
Vamos apenas caminhar.
Vamos despertar de nossa caminhada
Sem pensar e sem chegar a lugar nenhum
Caminhar pacificamente,
Caminhar alegremente
Nossa caminhada é de paz
Nossa caminhada é de felicidade.




segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

OS DEZ MANDAMENTOS DA LIDERANÇA



1) Proceda sempre como líder.
Não há ninguém que possa conferir-nos o grau de líder, pois a liderança a gente traz conosco. Cumpre praticar.
Você precisa se ver como líder, proceder como líder, lidar com os problemas da mesma maneira que um líder. Você deve viver como vive o líder, pensar como pensa o líder, agir como age o líder.
Atue do mesmo modo que um líder atua. Fale como um líder se dirige às pessoas, enfrente a vida tal qual um líder a enfrenta.

2) Esteja aberto a mudanças
Não tenha medo de mudar. Esteja aberto e receptivo ao novo. Sepulte velhas e arcaicas estruturas. Sintonize com os novos pensamentos, as novas idéias, os novos estilos de vida que estão à nossa volta. Aceite as mudanças em tudo o que está acontecendo no mundo, neste momento, e se torne parte delas. Tenha a mente e o coração abertos aos novos ensinamentos.

3) Seja proativo.
Tome iniciativas. Não fique eternamente esperando. Parta na frente, sem medo, com decisão, firmeza. Antecipe-se aos acontecimentos. Planeje e tome providências. Assuma os encargos, sem transferir responsabilidades. Seja mais do que comprometido, seja um militante e não apenas simpatizante.

4) Viva o momento presente
Esteja voltado para o “aqui e agora”, sem ficar pensando no futuro, nem tampouco viver em função do passado. Não se deite na cama de glórias anteriores, nem fique remoendo erros cometidos. Os erros, os desenganos, são oportunidades de aprendizado, formam a nossa bagagem de experiências. Os obstáculos, as metas, os objetivos, são desafios a serem conquistados.
Vivendo o momento presente, estaremos preparados para viver o futuro, quando ele se tornar presente.


5) Seja otimista.
A realidade você cria. Todos os acontecimentos da vida são emocionalmente neutros. Nós é que temos uma reação emocional e eles, positiva ou negativa.
Crie uma realidade favorável, tenha uma visão positiva da vida. O otimista encara as dificuldades como desafios. O pessimista vê barreiras intransponíveis. O otimista pensa grande, corre riscos. O pessimista já começa derrotado.

6) Não desista nunca, jamais.
Tenha persistência, vá até o fim. Não desista no meio do caminho, não desista nunca, jamais. Haja o que houver, aconteça o que acontecer, não desista.
Tenha perseverança nos projetos, na busca das metas e objetivos. Vá até o fim, custe o que custar, mesmo que isso implique em sacrifícios, e muita paciência.

7) Pratique o amor como comportamento.
Pratique a tolerância, o amor. Não se trata do amor como sentimento ou emoção. Tampouco do amor condicional, do tipo “você me faz o bem e eu faço o bem a você”, mas sim do amor comportamental. É o amor como ação. Trate a todos como gostaria de ser tratado.

8) Atue dentro dos princípios da ética.
A ética é um princípio que não pode ter fim. É imutável, vigora nas relações familiares, nas relações comerciais e profissionais, nas relações com os amigos e colegas. Pratique o comportamento correto, leal, sério e verdadeiro em qualquer circunstância.

9) Não faça julgamentos.
Aceite as pessoas, situações, circunstâncias, como elas se apresentam. Evite julgamentos, não faça juízo de valor, não rotule nem classifique as pessoas. Não critique pelas costas.
Aceite as diferenças individuais, a singularidade do ser. Você pode querer dançar uma valsa e o outro pode querer dançar um samba.

10) Aja com diplomacia e pelo exemplo.
Tenha consciência de que nem sempre haverá unanimidade. Alguém aparecerá para contestar, criticar, solapar. Aja com diplomacia, jogo de cintura e aprenda a engolir sapos. Seja um exemplo vivo, faça o que diz. Deixe cair a máscara da aparência, da vaidade, esse ego que parecemos ser e comece a viver a verdadeira vida.

Praticando os DEZ MANDAMENTOS DA LIDERANÇA, alguém, em algum lugar, algum dia, em algum momento, lhe agradecerá e muitos o seguirão.