ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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sábado, 5 de setembro de 2009

O FUTURO DO NOSSO ROTARY



 O FUTURO DO NOSSO ROTARY

RELAÇÃO ROTARY / EMPRESAS


MÁRIO CÉSAR MARTINS CAMARGO

(Palestra apresentada no XXXII IRB de Gramado – RS, em setembro de 2009

 Gravação e transcrição por Alberto Bittencourt)



i)          - INTRODUÇÃO


Vamos falar da relação entre o Rotary e as entidades empresariais, na condição de vice-presidentes da FIESP – Federação das Industrias de São Paulo, na gestão do atual presidente Paulo Scaff,

Considerando que o mundo de hoje exige que as empresas tenham consciência social e ambiental, devemos pensar nas entidades empresariais e nas empresas como oportunidades de emparceiramento.

As empresas mais valorizadas são aquelas conhecidas por uma atitude ambiental e socialmente correta. Isso se reflete no seu valor de mercado. Existe até um link na Bolsa de Valores de São Paulo que destaca as empresas com preocupação sócio-ambiental, dando-lhes uma valorização patrimonial superior às demais. Essa carteira significa mais dinheiro no bolso dos acionistas. O mundo empresarial já entendeu que a preocupação sócio-ambiental não é apenas uma ferramenta de marketing. Ela reverte em benefício do próprio empresário.

Esse é o mercado potencial que o Rotary pode explorar. Nós estamos gradativamente lidando com gente mais e mais propensa a apoiar atividades voltadas para a comunidade, para a preservação ambiental. Não é benemerência, não é filantropia, é retorno de investimentos. Eu falo como vice-presidente da FIESP.

Na FIESP, essa atitude é uma postura pública do próprio presidente da Federação. Desde que Paulo Scaff tomou posse, ele adotou a diretriz de trazer a FIESP de encontro à sociedade. Até então a FIESP era considerada uma entidade distante, protegendo seus interesses logísticos, nem sempre aberta ao público.

O presidente Scaff convocou o seu Conselho Diretor e decidiu se aproximar mais da comunidade.

Se vocês estivessem três semanas atrás na FIESP, teriam visto o presidente Lula com a presidente do Chile, Michelle Bachelet, promoverem um encontro de 50 empresários chilenos com duzentos empresários brasileiros.

Políticas nacionais são decididas hoje no âmbito da FIESP. Um exemplo é o renascimento da escola de debates, projeto abandonada pela própria FIESP na década de setenta. Hoje esse projeto foi retomado. Lá você pode ver autoridades dos poderes judiciário ou legislativo estabelecendo pontos de comunicação com a Federação, contrariando interesses lobistas de favorecimento econômico interno.

Então, o que podemos observar no mundo empresarial?

Por um lado, nós temos empresas mais propensas a aceitar um discurso de emparceiramento econômico voltado para o social.

Por outro, encontramos federações ou entidades de classe, como a ABIGRAF, a qual presidi até o ano passado, que congrega 18 mil gráficas do Brasil inteiro, também com preocupações voltadas para esse binômio sócio-ambiental.

O que nós rotarianos podemos fazer diante desse mercado de oportunidades?

Vamos seguir a mesma metodologia proposta por RI para o distrito e para os clubes: o planejamento estratégico. Talvez nós pudéssemos empregá-la na nossa abordagem às entidades empresariais.

 Então, qual é a nossa situação atual? Fazendo um “brainstorm” ou, como se diz lá no interior de São Paulo, um “toró de palpites”:

- Quais são os nossos pontos fortes?

- Quais são os nossos pontos fracos?

- Quais são as propostas que nós podemos fazer? Lembrem-se, nós estamos falando com empresários que são normalmente pessoas objetivas que só aceitam fazer investimentos visando retorno. Então, na nossa abordagem, devemos absolutamente pactuar com esses objetivos.

Aonde queremos chegar?

Que tipo de relacionamento nós queremos desenvolver com esse pessoal?

Vamos estabelecer um plano trienal, assim como o Rotary estabeleceu no planejamento estratégico em nível global. Aqui não podemos descer a nível distrital, onde cada um de vocês vai planejar ações com as sociedades empresariais locais.  Vamos definir dados, vamos definir pessoas, vamos definir recursos e por fim, vamos colocar isso em prática.

Quais são os nossos PONTOS FORTES? Ontem, o EGD Paulo Casanova do Distrito 4.610 apresentou esse trabalho de levantamento dos pontos fortes e fracos do seu Distrito. Ele é o resultado do trabalho coletivo, de um brainstorm, e serve como linha de orientação para todos nós.



ii) DESENVOLVIMENTO



A – PONTOS FORTES


1)   TEMPO DE SERVIÇO

O primeiro ponto que o companheiro deve abordar, para vender o seu projeto a uma Federação de Indústria, por exemplo, é:

- há quanto tempo Green Peace está no negócio de servir?

- há quanto tempo o Mac Donalds está no negócio de servir?

- há quanto tempo o RI está no negócio de servir?

Alguém tem 105 anos de serviço? Não que eu saiba.

Porque eu apontei essas outras ONGs? Porque não se iludam, nós concorremos com entidades não governamentais de forte presença no mercado. Nós concorremos sim, nós não somos os únicos.


2)   CAPILARIIDADE / INTERNACIONALIDADE

Capilaridade / Internacionalidade à para mim, uma é decorrência da outra.

Que outra instituição está presente no mundo com a nossa territorialidade?

São 210 países e regiões, 33 mil clubes que vão do Rotary Club de Chicago, o Number One, até o Rotary Club de Gramado.

Eu também não conheço que outras entidades têm essa presença, ilimitada, no mundo todo.


3)   ABRANGÊNCIA

Que outra instituição permite uma gama tão flexível de serviços?

Quando falamos no Green Peace, falamos em questões ambientais.

Quando falamos de entidades voltadas para a proteção do câncer infantil, como por exemplo, o Mac Donalds, falamos apenas de proteção do câncer infantil.

Se quisermos patrocinar um programa de erradicação da pobreza em crianças de rua, não devemos convidar o Mac Donnalds, o estatuto deles não permite. Ele não patrocinará.

Nós somos diferentes. Nós temos programas de jovens, programas de intercambio, programas de água, programas de saúde, programas de educação e muito mais, ou seja, nossa finalidade e nossa abrangência são ilimitadas.


4)   DIVERSIDADE:

Que outra instituição tem tantas e tão diversificadas profissões dentro do mesmo Rotary Club?

Se nós pensarmos em instituições de classe, vem à nossa mente quase que imediatamente o protótipo do representante dessas instituições.

A nossa instituição é diferente. Ela é muito diversificada, muito rica, ela tem pretos, brancos, amarelos, pardos, homens, mulheres, jovens, velhos, evangélicos, católicos, protestantes, budistas, islâmicos. Somos todos iguais.


5) CONTRA PARTIDA:

 E esse é o tipo do argumento que interessa ao empresário que procuramos.

Que outra instituição apresenta a real possibilidade de emparceirar, colocando dinheiro no lugar de discurso? Como diz o americano, “put your money or your mouth”. Nós temos essa possibilidade. Ao contrário de algumas instituições que são apenas receptoras de dinheiro, nós também somos doadores de dinheiro. Nós também podemos equiparar o cheque do Bill Gates.

        Que outra instituição pode enfrentar o desafio de Bill Gates de doar 200 milhões de dólares para combater a pólio?

        Não me consta que a Fundação Bill Gates tenha um paralelo na sua história, como essa de doação com contra partida.

        As iniciativas locais de nossos Rotary Clubs devem deixar bem claro essa contra partida que provemos através de nossos programas.


                6) FORÇA DE TRABALHO

        Nós somos muito grandes. Ainda que estejamos estagnados no Quadro Social há 20 anos, ainda somos uma força de trabalho poderosa, de 1.2 milhões de indivíduos no mundo. Também não sei que outra ONG pode ombrear conosco, em termos de uma força de trabalho voluntária, ativa e, em alguns casos, até pagante.

        Ainda temos outra vantagem competitiva em relação a outras entidades: nós colocamos a mão na massa.

        Quando nós patrocinamos uma entidade, através de um Rotary Club local, nós temos empresários rotarianos participando do levantamento de fundos, até mesmo tirando recursos de seus fornecedores.


7) GOVERNANÇA:

Nós somos uma entidade constantemente auditada, não só por auditores externos, profissionais, mas também pelos próprios rotarianos. Nós não temos como partir para a “pilantropia”.

Nós temos barreiras muito pesadas contra qualquer forma de desperdício. Nós somos constantemente forçados a reduzir custos, a trabalhar com mais e mais voluntários, somos obrigados a prestar contas de cada centavo recebido.

Não sei se existe outra entidade com essa transparência


8) RELACIONAMENTO EMPRESARIAL:

Quem dentro desta platéia pertence aos quadros de uma Associação Comercial, Industrial, de Classe, Associação Profissional, Clube de Diretores Lojistas?

Quantos de nós participamos da vida comunitária, empresarial, associativa?

Só aqui tem uns quarenta. Quer dizer, nós nem precisamos de contatos para ter acesso a essas entidades. Nós somos o contato.


B - PONTOS FRACOS:


1) IDADE MÉDIA

89% dos sócios tem mais de 40 anos, ou seja, se Paul Harris fosse vivo, talvez, pela sua jovem idade, nem fosse admitido num Rotary Club.

Uma oportunidade que nós temos são os Interacts e Rotaracts Clubs, o que significa que nós já temos a porta de entrada dos jovens. Porque não explorar?


2) FALTA DE FÓCO.

Nós somos muito abrangentes.

É mais fácil comprar uma idéia de uma entidade que só tem um programa, cuja bandeira é o foco, é o lema daquela instituição, do que do Rotary.

Então a mesma abrangência que nos favorece de um lado, por outro pode ser contraproducente. Essa multiplicidade de programas pode ser um fator de dificuldade para conseguir parceiros.


3) DESCONTINUIDADE

Um dos nossos potencias problemas é a descontinuidade. Eu, como empresário, tenho que ter uma visão de longo prazo. Para que eu, empresário, possa investir num programa específico do seu Rotary Club eu preciso da garantia de que o seu sucessor continuará patrocinando esse programa.

Eu sei que o retorno pode não acontecer no mesmo ano rotário, mas quem garante que ele acontecerá no ano seguinte, ou nos seguintes?

 Esses são pontos que nós temos que trabalhar e nós temos que garantir através de ações e de compromissos de longo prazo.

Exatamente por isso, o Planejamento Estratégico do Rotary prevê mecanismos de serviços e de comprometimento até três gestões à frente.


4) IMAGEM

A nossa imagem na sociedade é que somos um clube de negócios. Nós somos vistos  ainda como um clube formado por homens de negócios, de certo nível social. Só que essa visão não corresponde mais à realidade. Entretanto, não é isso que a sociedade percebe.

A imagem do Rotary, nas entidades que eu represento, ainda é distorcida.

Nós temos que saber como corrigir isso.


C - Plano de implementação


Que entidade nós vamos abordar? Aqui, por exemplo, levantaram a mão uns quarenta participantes de associações diversas. Vamos fazer a lista dessas entidades: pode ser Conselho de Profissionais, Associações Comerciais e Profissionais, enfim, quem é que, dentro dessa associação está articulado com uma entidade como o Rotary?

Em quanto tempo nós pretendemos desenvolver essas relações? Nós precisamos fazer um plano para comprometer o sucessor, estabelecer uma linha de trabalho com cronograma, pessoas responsáveis, pontos de checagem, objetivos.

Portanto, nossa relação com nossos parceiros empresariais tem que ser fundamentada num planejamento estratégico. É assim que funciona.


D - PROPOSTAS

Que propostas faremos?

Na hora de dirigir as propostas, nós devemos lembrar que temos a  ABTFR - Associação Brasileira da The Rotary Foundation, que é uma OSCIP, com as vantagens fiscais da legislação.  

A nível de clube, a nível de distrito, qual o retorno de marketing que nós vamos dar a essas empresas ou a essas entidades?

 Nós podemos permitir associação desses parceiros privados com o logotipo do Rotary? Sim, ou não? Nós temos que nos posicionar, para que as empresas possam avaliar corretamente.

Duas semanas atrás houve um seminário da ABTRF patrocinado pelo Rotary Club de Santo André – Norte. Esse clube doou para a Fundação Rotária o ano passado, US$1.125,00 per capita. É o clube campeão do nosso distrito em arrecadação. Eles tomaram a iniciativa de organizar esse seminário no pólo petroquímico do ABC. Uma das preocupações foi que tipo de retorno nós podemos oferecer para essa gente? Eles têm dinheiro. Estou falando de um clube que tem preocupação ambiental. Que tipo de proposta vamos levar para esses empresários?

Como é que está funcionando esse emparceiramento do Rotary, que é de voluntários, que é de longo prazo, que é um processo, que não acontece da noite para o dia, com as empresas, dentro do distrito?

Essas são as contribuições do nosso distrito nos últimos cinco anos: saímos de US$ 242 mil/ano para US$ 688 mil no ano 2006/07.

As contribuições para a ABTRF, que é o novo braço empresarial para contribuições, estão evoluindo anualmente.

Esses últimos cinco anos, dos US$2,10 milhões de contribuições do nosso distrito para a Fundação, US$ 312 mil foram para a ABTRF. Representa 15% dos recursos doados pelo D.4420 à Fundação Rotária, obtidos no mundo empresarial.

15% é um número recente, mais ainda é muito pouco. Há muita verba disponível e muitas oportunidades estão no distrito, estão com os rotarianos, estão nas entidades.


iii) - CONCLUSÃO


Para terminar, cito esta frase do padre Vieira:

“Nós somos o que fazemos. O que não se faz, não existe”.

É um chamamento à ação: planeje, execute,implemente.

O resultado aparece.

Obrigado.


F  I  M

5 comentários:

Nevio Urio disse...

Estimado companheiro Alberto
Muito obrigado por compartilhar essa palestra.
Não estive em Gramado, portanto não conhecia o teor dessa “peça de arquitetura” sobre o tema
E o que mais nos intriga como rotariano- nossa incapacidade em crescer – reforça minha humilde opinião: nossos problemas estão em conseguirmos por em termos práticos o conhecimento que temos como no caso as considerações, conclusões e sugestões do companheiro Mario e de muitos outros.
Abraços

Nevio

ELIAS NAHAS disse...

Prezado Companheiro Alberto:
Muito obrigado.
Essa palestra salvou o Instituto de Gramado.
Infelizmente em Vitória não tivemos salvação (a Cláudia Costin vendeu o peixe dela).

Elias Nahas.

CLOTILDE TAVARES disse...

Companheiro Alberto,
Estou grata pelo envio da transcrição da palestra do Mário Cesar Martins Camargo. Achei a abordagem que ele faz das potencialidades do Rotary muito criativa e cheia de elementos novos e instigantes para discussão e trabalho coletivo.
Vou transferir essas idéias para o meu clube, em forma de palestra e discussão. Agradeça por mim a este ilustre rotariano pelos poderosos insights que me proporcionou, tudo na direção do fortalecimento da nossa instituição.

Um abraço
Clotilde

FRANK DEVLYN disse...

Gracias Alberto
Mario Cesar Camargo es un Gran Rotario.
Saludos,
Frank Devlyn

JOSE HATERAS disse...

Meu Caro Alberto Bittencourt, Agradeço seu e-mail sobre a Palestra do EGD Mário César Martins Camargo, que foi do meu ano de Governadoria (99/00).
Não é novidade o que lí, pois o Mário , já despontava como
uma nova liderança dentro da nossa Instituição. Além do mais o Mário
forma com sua esposa DENISE, um casal de agradável convivência.
Obrigado.
Um Grande Abraço José Háteras EGD 99/00 D. 4490